A sessão desta sexta-feira (28) é marcada pela divulgação dos dados de emprego no Brasil. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação caiu para 11,6% no trimestre encerrado em novembro.
O resultado representa um recuo de 1,6 ponto percentual em relação aos três meses anteriores. O número veio praticamente em linha com o esperado pelo consenso de mercado Bloomberg, de de 11,7%.
Atenção ainda para a decisão do presidente Jair Bolsonaro (PL) de descartar proposta de criação de fundo de estabilização para interferir diretamente no preço dos combustíveis. Destaque também para o reajuste aos professores anunciado na quinta-feira (27) pelo mandatário, que pode dar força para campanhas salarias de outras categorias em vários Estados.
Com peso forte sobre o mercado hoje, investidores aguardam a apresentação do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) de dezembro, medida preferida de inflação do Federal Reserve (Fed), que é o banco central americano. Os rendimentos dos títulos públicos americanos de 10 anos apresentam forte avanço nesta sexta-feira.
Diante desse cenário, os títulos públicos do Tesouro Direto operam sem direção única na manhã desta sexta-feira. Papéis prefixados registram avanço nas taxas de até 10 pontos-base (0,10 ponto percentual) e títulos de inflação apresentam estabilidade nos retornos.
Dentre os prefixados, a subida é maior entre papéis com vencimento entre 2026 e 2031. Na abertura das negociações de hoje, os retornos oferecidos pelo Tesouro Prefixado 2026 e pelo Tesouro Prefixado 2031 eram de 11,32% e de 11,42%, respectivamente. Ambos os percentuais são maiores do que os 11,22% e 11,32%, nessa ordem, vistos um dia antes.
Entre os papéis atrelados à inflação, a situação era outra, com boa parte das taxas entregues pelos títulos públicos em estabilidade. O único título que apresentava avanço na remuneração, na primeira atualização do dia, era o Tesouro IPCA+ 2026, que via o juro real subir de 5,29% para 5,31% ao ano.
O Tesouro IPCA+ 2055, por sua vez, oferecia uma remuneração real de 5,64%, em linha com os 5,65% do dia anterior.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na manhã desta sexta-feira (28):
Radar externo
Enquanto isso, na cena internacional, os índices futuros americanos têm desempenhos variados entre si no começo desta sexta-feira. Ontem, foi divulgado que o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos avançou 6,9% no quarto trimestre de 2021 em termos anualizados, superando a expectativa de analistas.
Já para hoje, o mercado aguarda a divulgação do Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal (PCE na sigla em inglês) relativo a dezembro. A expectativa de analistas é de que o núcleo do indicador tenha alta de 0,5% na comparação mensal, e 4,8% na comparação anual. O número será divulgado às 10h30.
Atenção também para os dados do PIB da Alemanha, que encolheu 0,7% no quarto trimestre ante o terceiro trimestre de 2021, segundo dados preliminares divulgados nesta sexta-feira pela Destatis, como é conhecida a agência alemã de estatísticas.
O resultado ficou abaixo da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam queda de 0,5% no período.
Por outro lado, o PIB alemão teve expansão de 1,4% na comparação anual do quarto trimestre.
O mercado monitora ainda os preços de algumas commodities. As cotações do petróleo, por exemplo, continuam a avançar no início desta sexta-feira após o Kremlin afirmar que o ponto de vista da Rússia não teria sido levado em consideração pelos Estados Unidos em suas propostas quanto à segurança na região da Ucrânia.
A tensão entre ambos os lados vem aumentando com a crescente presença militar da Rússia na fronteira com a Ucrânia.
Pnad e IGP-M
O destaque da agenda econômica local está nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). Segundo o IBGE, o número de desempregados diminuiu 10,6% no trimestre encerrado em novembro, chegando a 12,4 milhões. É uma redução de 1,5 milhão de pessoas.
Quando comparado ao mesmo período do ano anterior, houve queda de 14,5%, o que representa 2,1 milhões a menos em busca de trabalho.
Na comparação com o trimestre encerrado em agosto, o número de pessoas ocupadas aumentou 3,5%. São 3,2 milhões de pessoas a mais no mercado de trabalho.
Também na agenda econômica, a Fundação Getulio Vargas (FGV) informou que o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) subiu 1,82% em janeiro, após variar 0,87% um mês antes. Com esse resultado, o índice acumula alta de 16,91% em 12 meses. Em janeiro de 2021, o índice havia avançado 2,58% e acumulava alta de 25,71% em 12 meses.
O número veio abaixo da estimativa de analistas ouvidos pela Reuters que esperavam um avanço mensal de 2%.
PEC dos combustíveis, desoneração da folha e reajustes
O mercado também acompanha de perto as discussões em torno da PEC dos combustíveis. Segundo informações dos jornais O Globo e Folha de S. Paulo, o governo decidiu descartar a ideia de criar um fundo para reduzir o preço dos combustíveis na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, que prevê reduzir impostos sobre esses produtos.
Em reunião ontem (27) no Palácio do Planalto, Paulo Guedes, ministro da Economia, defendeu ainda zerar apenas os impostos federais sobre o diesel e o gás de cozinha.
Essa proposta, portanto, deixaria a gasolina fora da desoneração que será objeto da PEC que o governo negocia com parlamentares.
Também na agenda política, o jornal Folha de S. Paulo informa que o governo pretende acabar com a cobrança de de 0,2% sobre a folha de salários das empresas, empregada para bancar o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
De acordo com o jornal, a proposta está em gestação no Ministério da Economia e faz parte dos planos de desonerar a folha de pagamento das empresas, visando reduzir o custo da contratação. O plano é apresentar a medida ao Congresso por meio de um projeto de lei.
Ainda na seara política, agentes financeiros monitoram os desdobramentos em torno do anúncio de reajuste de 33,24% para o piso salarial de professores. A preocupação é que isso pressione ainda mais as contas públicas e provoque um efeito “bola de neve” entre as demais categorias.
Conforme mostra hoje o jornal Valor Econômico, a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE) se manifestou sobre os reajustes dizendo que a decisão do Ministério da Educação (MEC) segue a chamada Lei do Piso. “Agora a luta é fazer com que governadores e prefeitos cumpram efetivamente a lei”, disse Rosilene Corrêa, diretora de finanças da entidade.
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Fonte
www.infomoney.com.br
