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Passados os piores momentos da pandemia, as empresas do setor de educação já observam melhoras nos indicadores operacionais, assim como uma tendência que veio para ficar: o ensino digital e à distância. Entretanto, isso não vem se refletindo totalmente em ganhos, já que as educacionais vêm obtendo dificuldade em elevar o tíquete médio do ensino digital em comparação com o presencial, trazendo desafio à rentabilidade  em 2022. 

Em seu balanço, a Ser Educacional ( SEER3) inclui uma rubrica além de digital ou presencial, de ensino “híbrido”. Em entrevista ao InfoMoney, Rodrigo Alves, diretor financeiro e de relação com investidores da empresa, afirmou que o segmento tem em média cerca de 60% do ensino presencial e o restante digital.

Ele acredita que o híbrido deve crescer neste ano, com a maior busca dos alunos por aulas em sala depois dos efeitos mais intensos da pandemia. Já na teleconferência de apresentação de resultados, Jânyo Diniz, CEO da Ser, afirmou que a empresa espera alta de 25,4% na captação de alunos do ensino híbrido.

“O nome da nossa filosofia acadêmica é ubíqua, que é a onipresencialidade, de aprender de qualquer lugar. Dentro dessa matriz curricular o aluno não tem separação clara entre online e presencial. As ferramentas mudaram e de fato começaram a ser integradas. Estamos instalando câmeras na sala de aula, de forma que quem opte possa assistir à aula de casa. Isso é completamente híbrido, e é nisso que acreditamos”, afirmou Alves ao InfoMoney.

No final do quarto trimestre de 2021, o ensino híbrido da Ser Educacional recuou, no entanto, 1,4% em comparação com o mesmo período de 2020. No balanço, a Ser disse estar investindo em aumentar sua base de alunos do ensino híbrido, com foco especialmente na área de saúde, e afirmou que a captação subiu 22,5% no segundo semestre e os índices de evasão recuaram a níveis anteriores aos da pandemia.

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A base de alunos do grupo chegou a 223,6 mil, alta de 16,8% em um ano, o que a empresa atribuiu ao aumento do segmento digital e às compras de Unesc, Unifasb e do CDMV (Centro de Desenvolvimento de Medicina Veterinária). O ensino digital teve alta de 63%, a 87,7 mil alunos.

No presencial, a Ser informou apenas o desempenho da pós-graduação, com queda de 68,3% frente ao final de 2020, com 1.400 alunos. A Ser atribuiu a variação negativa aos efeitos da pandemia de Covid 19 e à migração para o digital. 

A companhia afirmou que houve recomposição do valor da mensalidade, sem especificar o modelo de ensino, um dos fatores que teriam impulsionado a receita bruta, que avançou 15%, a R$ 2,804 bilhões. Mas não detalhou a variação do tíquete médio.

Em teleconferência logo após a divulgação dos resultados, Alves afirmou que a queda de captação no ensino digital não preocupa, já que a companhia espera um ano de crescimento especialmente do híbrido. E avaliou que, quando o mercado compete muito com queda de preços, há maior risco de inadimplência e evasão. 

Em sua entrevista ao Infomoney, ele afirmou que a empesa vem repassando custos em linha com a inflação, por acreditar que há uma demanda reprimida por educação no Brasil. “Todo mundo quer educação de qualidade, e outras coisas aumentaram, como aluguel e energia elétrica”, afirmou.

Na teleconferência, ele afirmou que houve alta de 9% nos repasses para calouros e veteranos. Mas disse que o nível de descontos para novos alunos deve ser mantido. 

Cogna

Em seu balanço, a Cogna apontou queda de 18,7% no número de alunos de graduação do presencial no final do quarto trimestre de 2021 frente ao mesmo período de 2020, a 186.642. O número de alunos do digital, por outro lado, subiu 14,2% no período, a 617.502. Na pós-graduação, houve queda de 83,9% em alunos do ensino presencial, a 609. E alta de 25,9% no digital, a 55.791.

Entre o segundo semestre de 2020 e o mesmo período de 2021, houve queda de 9% no tíquete médio da Cogna. A redução foi maior no ensino presencial, de 23,4%, enquanto que houve alta de 14,3% no ensino a distância. 

A companhia de educação, que conta com marcas como Kroton e Vasta, reportou prejuízo ajustado de R$ 74,945 milhões no quarto trimestre de 2021 (4T21), uma diminuição de 87,3% com relação ao prejuízo computado no 4T20, de R$ 589,232 milhões.

Em teleconferência de apresentação de resultados da Cogna no dia 25 de março e de saída do cargo de CEO, Rodrigo Galindo afirmou que, para a Kroton, a empresa vê “alguma oportunidade” de crescimento na rentabilidade em 2022; alta da captação de alunos no presencial e no EAD; alta na base de alunos, com queda menor do presencial e tendência de crescimento no digital e no híbrido; com potencial de crescimento no KrotonMed.

Na teleconferência do dia 25 de março, Frederico da Cunha, CFO da Cogna, afirmou que a geração de caixa operacional vem se beneficiando da redução da provisão de devedores duvidosos (PDD). Ele disse que, diariamente, a empresa monitora a adimplência, e que, com a melhora, a PDD deve vir mais baixa, recorrentemente. Nos dois primeiros meses de 2022, a empresa vem mantendo adimplência, impulsionado a geração de caixa, afirmou.

Galindo disse ainda que a empresa sofisticou os processos de faturamento, acompanhamento e cobrança de alunos ativos e inativos, com uma política de renovação mais criteriosa e a prática de identificar, rapidamente, o engajamento do aluno, de forma a excluir o aluno da régua de faturamento, garantindo uma adimplência maior.

Yduqs

Na Yduqs, a base total de alunos avançou 63,1% entre o quarto trimestre de 2021 e o mesmo período de 2020, a 1,243 milhão. Na última linha do balanço, a Yduqs registrou prejuízo 27,6% menor no 4º trimestre.

O resultado foi impulsionado pelo ensino digital, que teve alta de 120,5%, a 432,7 mil alunos na mesma base de comparação, mas com o menor aumento no tíquete médio, de 1,5%. O ensino presencial, por outro lado, recuou 12,8%, com alta de 9% no tíquete médio. 

A empresa informa ainda em seu balanço a subdivisão “premium”, formada por alunos de medicina e do IBMEC, com cursos da área de humanas. Neste caso, houve alta de 5,5%, e o maior avanço no tíquete médio, de 27%.

Em teleconferência com analistas no dia 16 de março, o CEO da YDUQS, Eduardo Parente, afirmou que a empresa vê 2022 como um “novo 2020”. Ou seja, um ano em que se espera um bom ritmo de crescimento, como era o observado até o início da pandemia.

Em 2022, a companhia espera alta de 50% a mais de 60% na captação de alunos no ensino digital, de 10% a 20% no premium e de 30% a 50% no presencial.

Parente ponderou, no entanto, que pode haver queda de 5% a 10% no tíquete médio do digital e de até 5% no presencial, o que pode ocorrer porque a empresa tem como estratégia oferecer descontos nos primeiros semestres. Assim, com o grande ingresso de novos alunos, o desembolso médio pode cair. 

Segundo ele, quando a empresa lançou o ensino semipresencial, houve quem alertasse que esta modalidade “canibalizaria” o presencial. Mas na verdade o efeito maior foi sobre o ensino a distância.

“Muita gente que não tinha os seus R$ 700 para o presencial ia direto para os R$ 150, R$ 200 do EAD, mas agora tem essa camada intermediária de R$ 350 ou R$ 400”, afirmou.

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Cruzeiro do Sul

A Cruzeiro do Sul apontou queda de 4,1% na base de alunos do presencial entre o final do quarto trimestre de 2020 e o mesmo período de 2021, a 136 mil, com alta de 1,2% no tíquete médio. Houve alta de 12,5% na base de alunos do ensino a distância, e queda de 4,5% no tíquete médio.

Em teleconferência com analistas no dia 31 de março, Wilson Diniz, diretor de marketing da Cruzeiro do Sul Educacional (CSED3), afirmou que a empresa vê no primeiro trimestre de 2022 uma boa expansão de tíquete no presencial, em especial de calouros, com valor acima do ano anterior. 

Também disse que a empresa opera com um desconto menor no presencial na captação. Ele afirmou que a competição no EAD é mais agressiva, mas que foi possível manter um tíquete 7% a 8% maior do que no ano passado. Segundo Diniz, a empresa vem focando em um portfólio maior, com maior presencialidade em cursos premium que têm maior tíquete, valor agregado e evasão. Isso a manter o tíquete mais alto. 

Há um aumento no presencial, que volta a ocupar espaço, e a evasão está em linha com o nível anterior à pandemia, afirmou.

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Fonte

www.infomoney.com.br

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