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A implementação do Open Banking, agora chamado de Open Finance, sistema aberto de compartilhamento de dados a partir do consentimento do consumidor, começou em fevereiro de 2021 e já passou por quatro fases do cronograma oficial administrado pelo Banco Central.

Por se tratar da circulação de dados financeiros dos consumidores e exigir robusta infraestrutura tecnológica, especialistas avaliam que, embora já esteja funcionando em algumas esferas, o sistema ainda encontra-se em fase de testes.

“Estamos em implementação, e não temos todas as ofertas disponíveis via regulação liberada aos consumidores. O que já vemos são serviços experienciais para os usuários finais, como apps de gestão de finanças pessoais”, afirmou Albert Morales, CEO da Belvo, durante a edição deste ano da Febraban Tech.

Empresas como Santander, Banco do Brasil, XP Investimentos, entre outras, já possuem versões lançadas ou em fase de testes do chamado PFM (personal finance management, ou gestor de finanças pessoais), que agrega várias contas em um único canal e ajuda o consumidor a fazer sua administração de recursos.

Guilherme Assis, CEO do Gorila, app que permite acompanhamento da carteira de investimentos, também concorda que o Open Finance no Brasil está sob testes.

“O processo e a experiência vão melhorar e novos modelos de negócios vão sair mais para frente. O PFM é um dos casos de uso mais básicos, mas há inovação, como a jornada de consentimento via WhatsApp [iniciativa do Banco do Brasil]. Os players do mercado estão explorando fronteiras”, disse o executivo.

A utilização do Open Finance segue de forma acelerada. Segundo dados compartilhados por Roberto Campos Neto, presidente do BC, já foram registrados mais de 7,5 milhões de consentimentos de clientes via Open Finance desde agosto de 2021, quando a fase 2 da iniciativa teve início. O sistema já conta com mais de 800 instituições participantes.

Ajuste na conexão de dados

Alguns problemas, como a interoperabilidade, são desafios no Open Finance. Para que o dado do cliente seja compartilhado de uma instituição para outra é necessário que haja uma comunicação fluente entre as empresas envolvidas. Essa troca de informações é feita por meio de APIs (application programming interface ou interface de programação de aplicação).

As APIs são ferramentas já amplamente utilizadas na tecnologia. No sistema Open Finance funcionam como caminhos que integram as instituições financeiras e permitem que os dados do cliente percorram essas vias e cheguem no destino final, ou seja, na instituição para a qual o consumidor deseja enviar sua informação.

“Como cada instituição financeira tem um sistema interno diferente as transações são geradas de formas diferentes, dão nomes para o mesmo produto de formas diferentes, ou seja, ainda falta padronização de linguagem para que as instituições possam conversar exatamente no ‘mesmo idioma’ e permitir que a tecnologia e inteligência artificial leia os dados de forma escalável”, explicou Morales.

Na prática, a regulação focou em padronizar as APIs, que são os caminhos que conectam as instituições, mas o conteúdo que circula nas vias ainda tem fricções.

Hoje já há definições de formato de alguns dados como datas (XX/ZZ/YYYY) e valores (R$ XX,XXX.00) que precisam ser compartilhados exatamente da mesma maneira para que a leitura do dado seja possível para todas as instituições. Mas são milhões de dados, portanto, o volume de definições que precisam ser feitas é muito grande.

“Aos poucos é preciso aprimorar o sistema e fazer aprimoramentos para que cada dado seja entregue completamente no mesmo formato. Isso deve acontecer nos próximos 6 a 12 meses para que essa padronização melhore”, complementa o CEO da Belvo, quem participa dos grupos de trabalho de implementação do Open Finance junto ao BC.

Impacto na adoção

Melhorar a interoperabilidade do sistema ajuda porque aprimora a qualidade com que o dado chega na instituição.

“Com melhoria na qualidade dos dados, as entidades financeiras poderão fazer análise de crédito, melhorar as experiências de agregadores e gerenciadores financeiros, o que vai ajudar no engajamento dos usuários que utilizam o sistema. E isso cria um efeito cascata: a pessoa usa a ferramenta, gosta e vai recomendar”, avalia Morales.

Para Carlos Carneiro, head de Open Finance do Itaú, as soluções hoje disponíveis no mercado ainda promovem uma visão míope do cliente. “A partir do momento em que o dado estiver totalmente padronizado, com qualidade, eu vou conseguir fazer uma gestão com acurácia próxima de 100%. Poderemos ter uma visão 360 graus”.

Isso significa, por exemplo, conseguir avisar ao cliente que a conta de outra instituição vai ficar negativa na semana que vem. Ou oferecer um cupom de desconto em um restaurante que ele aprecia porque utiliza o cartão de outro banco com frequência no local.

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Fonte

www.infomoney.com.br

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