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O dólar já começou a dar sinais de como vai iniciar o ano de 2023. De imediato, o mercado reagiu com o anúncio de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (FED), sinalizando que os Estados Unidos devem desacelerar o ritmo de aumento das taxas de juros, mesmo ainda mantendo um tom hawkish. Ou seja, apesar de haver muito espaço para trazer a inflação de volta à meta, o discurso reforçou as perspectivas de que o ciclo de alta pode estar perto do fim. Desta forma, a moeda do país tende a começar a perder força, movimento que deve alavancar o real. 

Em paralelo e ajudando a fortalecer esse curso no nosso cenário nacional, há a desidratação no Congresso da PEC da Transição em R$ 30 bilhões a menos,  dando o esperado desfecho de uma das maiores questões do noticiário político atual. Além disso, houve o impulsionamento pelas commodities, que tiveram um desempenho positivo após a indicação das autoridades chinesas de flexibilização nas medidas de controle de Covid-19 na nação asiática.

Apesar dessas movimentações, os riscos fiscais seguem deixando o mercado receoso, sem falar nas indefinições de cadeiras no território brasileiro. Tais obscuridades quanto à segurança e solidez das regras dessa categoria têm consequência direta e negativa na atividade econômica. Ao longo do início do ano, o contexto interno deve responder às incertezas do governo eleito.

Isso significa que o poder público deve enfrentar uma economia em desaceleração, após o período atual com um crescimento entre 2.5% e 3%. O motivo para a trava nesse ritmo em 2023 é a falta de receita gerada com a própria política fiscal, que deve ser menos focada no aquecimento do mercado, e as exportações. Nesse último tópico, a razão é a probabilidade grande de uma recessão global, por conta do desdobramento da guerra entre Ucrânia e Rússia, a recuperação dos efeitos da pandemia e a restauração econômica após as marcas deixadas pela inflação nos Estados Unidos e na Europa. 

Ou seja, as taxas de juros ao redor do mundo provavelmente serão elevadas de novo, assim como a queda no preço das commodities. No entanto, vale destacarmos que, no Brasil, o Banco Central (BC) deve cortar os juros a partir do segundo semestre, contribuindo para a atividade econômica e investimentos. Não à toa, aqui voltamos a centralizar a discussão no dólar, com o entendimento de que enquanto houver disparidade frente ao país norte-americano, mesmo apesar dos riscos internos, é necessário atrair capital estrangeiro, sendo o fluxo calibrado, principalmente, pela política e transmissão de segurança por parte do governo.

O maior exemplo disso está na Lei 14.286/21, sancionada em dezembro de 2021, que estabelece um novo marco regulatório no mercado de câmbio, atualizado, mais enxuto, conciso, com a possibilidade de ser muito mais seguro do ponto de vista jurídico e condizente com os melhores padrões internacionais. Entre várias evoluções, a norma permite a livre movimentação de capitais, com um menor grau de burocracia para o segmento e trazendo transparência sem abrir mão das políticas de prevenção e combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo.

Em termos gerais, entende-se que a autarquia ofereceu a ampliação da participação de novos players do setor, de modo a evoluir, simplificar e amparar com mais segurança jurídica as transações ocorridas no mesmo. Um trecho da regra que resume essa característica cita o “maior alinhamento das operações de câmbio às demais operações conduzidas no sistema financeiro”, comprovando a permissão de livre formato trazida para as negociações do segmento.

Portanto, em meio a pormenores que realçam a volatilidade do real, é certo dizer que buscar maior proteção no dólar é uma decisão inteligente para pessoas físicas e jurídicas. O fato da moeda norte-americana perder um pouco da sua força nesse final de ano não denota que ela não seja uma excelente maneira de mitigar riscos em 2023, época que ainda deve ser permeada de incertezas tanto no Brasil, quanto no mundo. Operações de Hedge e Swap, por exemplo, que olham para o cenário internacional a fim de criar uma blindagem contra instabilidades econômicas são apenas algumas ações que ajudam a “não baixar a guarda”, garantia que qualquer investidor precisa ter nos dias atuais.

Por Luiz Felipe Bazzo é CEO do transferbank, uma das principais soluções de pagamentos e recebimentos internacionais do Brasil.


Fonte

www.jornalcontabil.com.br

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