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Em dia de agenda econômica local forte, agentes financeiros repercutem a divulgação dos números do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que recuou 0,68% em julho – menor taxa desde o início da série histórica em 1980.

Já no acumulado dos últimos 12 meses, a inflação oficial avança 10,07%. A mediana das previsões apontava que o IPCA terminaria negativo em 0,65% em julho, na comparação mensal. Na base anual, a projeção era de alta de 10,10%.

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Atenção também para a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), referente à reunião da última quarta-feira (3), que elevou a Selic para 13,75% ao ano.

No documento, o colegiado disse que “o ciclo de aperto monetário corrente foi bastante intenso e tempestivo”. O Comitê também reiterou que “avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude em sua próxima reunião”.

Na avaliação do time de macroeconomia da XP, a ata sugeriu que o comitê finalizou o ciclo de alta da Selic e que a taxa básica de juros deve permanecer nesse patamar por um longo período até que a inflação desacelere de forma mais clara.

Diante da possibilidade de que o BC tenha encerrado o ciclo de aperto, o mercado de títulos públicos negociados no Tesouro Direto opera mais um dia com recuo nas taxas na manhã desta terça-feira (9). É a quinta sessão consecutiva de queda.

Após alcançar os 13,51% neste ano, o Tesouro Prefixado 2025 oferecia juros de 11,89% ao ano na primeira atualização do dia, inferior aos 12% ao ano vistos na véspera (8). A última vez que ele tinha sido negociado abaixo do patamar de 12% tinha sido em 11 de abril deste ano.

O papel com vencimento em 2029 também perdia o patamar de 12% ao ano na abertura dos negócios. Às 9h30, o título entregava uma rentabilidade de 11,95% ao ano, abaixo dos 12,13% ao ano registrados ontem.

Papéis atrelados à inflação também eram impactados pelo recuo nas taxas reais. No início da sessão, o Tesouro IPCA+2055 oferecia retorno real de 5,90% ao ano, contra 5,94% ao ano vistos um dia antes.

No Tesouro Direto, um detalhe chamava a atenção no início desta terça-feira. As negociações do Tesouro IPCA+2032 e o 2040, ambos com juros semestrais, foram suspensas, a partir de hoje, em função do pagamento de juros agendado para o dia 15 de agosto de 2022.

Por regra do Tesouro Direto, o investimento em títulos que têm cupom de juros é suspenso quatro dias úteis antes da data do pagamento. Da mesma forma, há mudanças nos resgates, que são interrompidos dois dias úteis antes do pagamento do cupom.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta terça-feira (9):

Fonte: Tesouro Direto

IPCA

Pressionada pela queda nos preços dos combustíveis, em particular da gasolina e do etanol, além da energia elétrica, a inflação oficial medida pelo IPCA terminou julho no negativo, após registrar variação positiva de 0,67% em junho. No ano, a inflação acumulada é de 4,77%.

“A Petrobras no dia 20 de julho anunciou uma redução de 20 centavos no preço médio do combustível vendido para as distribuidoras. Além disso, nós tivemos também a Lei Complementar 194/22, sancionada no final de junho, que reduziu o ICMS sobre combustíveis, energia elétrica e comunicações”, explicou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov. “Essa redução afetou não só o grupo de transportes (-4,51%), mas também o de habitação (-1,05%), por conta da energia elétrica (-5,78%). Foram esses dois grupos, os únicos com variação negativa do índice, que puxaram o resultado para baixo”, completou.

Os preços da gasolina caíram 15,48% e os do etanol, 11,38%. A gasolina, individualmente, contribuiu com o impacto negativo mais intenso entre os 377 subitens que compõem o IPCA, com -1,04 ponto percentual (p.p). Além disso, foi registrada queda no preço do gás veicular, com -5,67%.

O pesquisador também destaca que além da redução da alíquota de ICMS cobrada sobre os serviços de energia elétrica, outro fator que influenciou o recuo do grupo habitação foi a aprovação, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), das Revisões Tarifárias Extraordinárias de dez distribuidoras espalhadas pelo país, o que acarretou na redução nas tarifas a partir de 13 de julho.

Ata do Copom

Outro destaque da agenda econômica está na apresentação da ata do Copom. Para a equipe de macroeconomia da XP, o documento enfatizou que o ambiente global permanece adverso e volátil, com perspectivas de recuo nas projeções para o crescimento mundial, juntamente com uma dinâmica inflacionária mais persistente.

Já no cenário local, o Banco Central avaliou que as políticas temporárias de apoio à renda devem estimular a demanda e que o prolongamento dessas iniciativas pode elevar os prêmios de risco do país e as expectativas de inflação.

Segundo a ata, o Comitê optou por sinalizar que avaliará a necessidade de um ajuste residual com o objetivo de trazer a inflação para o redor da meta no horizonte relevante.

O BC ainda informou que, dada a persistência dos choques recentes, seguirá vigilante e avaliará se somente a perspectiva de manutenção da taxa básica de juros por um período suficientemente longo assegurará tal convergência.

Na visão do time da XP, a autoridade monetária deve aproveitar o momento para parar o ciclo de ajustes e analisar os efeitos defasados da política monetária. Embora acreditem que seja necessária a pausa, os especialistas da casa disseram que a Selic nesse patamar não será suficiente para trazer a inflação para o centro da meta em 2023.

Para eles, a taxa básica de juros nesse nível trará alguma desaceleração. Mas, afirmaram, apenas quando o horizonte da política monetária mudar para 2024, é que o BC poderá ver um espaço para iniciar uma flexibilização do ciclo.

CPI e commodities

Enquanto isso, na cena externa, os índices futuros de Nova York sobem, com investidores buscando novas pistas para avaliar o ritmo de aperto monetário do Federal Reserve (Fed, banco central americano).

Espera-se que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de julho, que será divulgado amanhã (10), forneça alguma clareza sobre a postura que a autoridade monetária deve adotar. Na mediana das projeções do consenso Refinitiv, o CPI deve registrar avanço de 0,2% em julho, na comparação com junho.

As cotações do petróleo, por sua vez, recuam nesta terça-feira, devido ao mais recente progresso nas negociações para reviver o acordo nuclear de 2015 com o Irã, que abriria caminho para aumentar suas exportações de petróleo em um mercado apertado.


Fonte

www.infomoney.com.br

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