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O cenário político toma a atenção do mercado nesta quarta-feira (18). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reuniu-se hoje com lideranças de centrais sindicais. Não houve um resultado definitivo do encontro, mas o chefe do Executivo destacou a criação de uma comissão com sindicalistas para discutir novas relações de trabalho.

Lula não mencionou, em seu discurso, se o piso do salário mínimo vai aumentar de R$ 1.302 para R$ 1.320 ainda neste ano. O governo trata o tema com cuidado, já que o aumento do valor repercutiria nas contas públicas. Segundo o presidente, o reajuste do salário mínimo deve levar em consideração o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Em seu discurso, o presidente disse que irá brigar pela isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil – promessa feita durante a campanha eleitoral de 2022. O chefe do Executivo também falou em “mudar a lógica” do sistema tributário e gerar o nível necessário de arrecadação “para fazer política social”.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ressaltou também a intenção de entregar a reforma tributária – em duas partes – ainda em 2023. A ideia do governo é aprovar, no primeiro semestre, uma reforma focada na simplificação de impostos que incidem sobre o consumo, e outra voltada à tributação sobre a renda na segunda metade do ano – proposta que concentra mais a atenção da base de apoio de Lula.

Já na cena externa, o Livro Bege do Federal Reserve, relatório sobre a economia dos EUA, divulgado há pouco, mostrou a contração da atividade econômica nos Estados Unidos, liderada por um declínio especialmente acentuado no setor manufatureiro.

Outra informação muito aguardada de hoje é o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, que caiu 0,5% em dezembro ante novembro, segundo dados com ajustes sazonais divulgados nesta quarta-feira (9) pelo Departamento do Trabalho.

No Tesouro Direto, às 15h26, os retornos oferecidos pelos títulos públicos apresentam alta. O destaque era o Tesouro IPCA+2045, que entregava juros reais de 6,27%, acima do valor visto na véspera, de 5,96%. O único a apresentar estabilidade era o juro entregue pelo Tesouro IPCA+2029, com 5,96% hoje (menor juro real do dia), igual percentual desta terça-feira (17).

Já o piso oferecido pelos papéis prefixados chegava a 12,54% ao ano e era entregue pelo Tesouro Prefixado 2026. Na sessão anterior, o mesmo título oferecia retorno de 12,44% ao ano.

“A curva de juros hoje está claramente dividida entre os prazos mais curtos e os mais longos. Os prazos mais curtos, acredito, estão reagindo à inflação divulgada pelos Estados Unidos. Mas não é possível afirmar se esse patamar vai se sustentar até o fim do dia. Os prazos mais longos estão mais influenciados por Brasília”, afirma Gustavo Cruz, estrategista chefe da RB Investimentos.

Segundo ele, as falas do presidente Lula são um pouco mais populistas, com o famoso “nós contra eles”, buscando colocar os mais pobres contra os mais ricos, como se fossem dois países diferentes. “O mercado fica um pouco receoso com esse cenário. Além disso, ouvimos sobre taxação de fortunas, salário mínimo subindo e principalmente, a promessa de que vai fazer isenção de imposto de renda pra quem ganha até R$ 5 mil”, detalha. Desta forma, diz Cruz, a parte fiscal fica fragilizada. “E a gente sabe que fiscal mais frágil são juros mais altos no longo prazo”.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na tarde desta quarta-feira (18): 

Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Lula pelo mundo

O presidente Lula vai visitar a China em março. Antes, o presidente irá a Argentina e Estados Unidos. Lula disse ainda que o presidente da França, Emmanuel Macron, e o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, deverão vir ao Brasil neste início de ano.

Orçamento com veto e Lei das Estatais

Na cena local, o Orçamento Geral da União de 2023 foi sancionado na terça-feira (17) pelo presidente Lula, e publicado em edição extraordinária do Diário Oficial da União (DOU). O texto teve apenas um veto a um artigo que criaria uma nova identificação orçamentária para os R$ 145 bilhões fora do teto autorizados pela Emenda Constitucional da Transição.

Segundo o texto de justificativa, o veto foi pedido pelo Ministério do Planejamento e Orçamento. A pasta argumentou que a criação de uma identificação separada aumentaria a rigidez e a ineficiência do Orçamento.

Aprovado pelo Congresso em 22 de dezembro, no último dia do ano legislativo, o Orçamento de 2023 só foi votado após o acordo que permitiu a aprovação da Emenda Constitucional da Transição, que autorizou o gasto de até R$ 145 bilhões além do teto, mais investimentos de R$ 23 bilhões caso haja excesso de receitas.

Também na seara política, de acordo com o jornal Valor Econômico, o governo já prepara proposta para mudar a Lei das Estatais, de modo a abrir mais espaço para aliados e parlamentares não eleitos em cargos de conselhos administrativos vinculados a empresas públicas federais e companhias estaduais. A iniciativa é vista com desconfiança por integrantes do mercado e especialistas em governança, que apontam risco de retrocesso nessas companhias.

Segundo o jornal, o desenho da proposta está sendo preparado pela Secretaria de Assuntos Jurídicos (SAJ) da Casa Civil com o apoio da Advocacia-Geral da União (AGU). Na sequência, aponta, o plano é um senador aliado acolher as sugestões e apresentar um texto para substituir a proposta já aprovada pela Câmara no fim do ano passado e que estacionou no Senado depois que o assunto gerou repercussão negativa no mercado financeiro. Se for aprovado, ele terá que retornar à apreciação dos deputados antes de seguir para sanção presidencial.

Falas de dirigentes do Fed e dados de inflação

Na cena externa, a visão de Loretta Mester, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano) de Cleveland, é que a autoridade monetária precisa aumentar as taxas de juros um “pouco” acima da faixa de 5% a 5,25%. Ela se recusou a divulgar quanto acha que deve ser o melhor aumento para a próxima reunião, em fevereiro. “Ainda não estamos em 5%, não estamos acima de 5%, o que acho que será necessário, considerando minhas projeções para a economia”, disse em entrevista à Associated Press. “Só acho que precisamos continuar e há bons sinais de que as coisas estão indo na direção certa”.

Também nos Estados Unidos, foi divulgado hoje o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) do País, que caiu 0,5% em dezembro ante novembro, segundo dados com ajustes sazonais divulgados nesta quarta-feira (9) pelo Departamento do Trabalho. Na comparação anual, o PPI avançou 6,2%.

A queda mensal foi mais forte que a esperada pelos analistas: o consenso Refinitiv mostrava queda de 0,1% no mês e avanço de 6,8% no ano.

O indicador vem em desaceleração desde junho, quando bateu em 11,2% na comparação anual. A inflação ao produtor foi de 9,7% em julho, 8,7% em agosto, 8,5% em setembro, 8,1% em outubro e 7,3% em novembro (dado revisto). O pico do PPI tinha sido atingido em abril de 2022, quando alcançou taxa anualizada de 11,7%.

O núcleo da inflação, que exclui as variações de energia e de alimentos, também está perdendo força. Ficou em 4,6% em dezembro, após registrar variação de 5,7% em setembro, 5,5% em outubro e 4,9% em novembro.


Fonte

www.infomoney.com.br

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