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Após um dia de disparada nas taxas dos títulos públicos negociados no Tesouro Direto, diante de novas declarações do presidente do Banco Central, a sessão desta terça-feira (12) é de mais volatilidade nos preços e taxas.

Pelo segundo dia consecutivo, as negociações no Tesouro Direto foram suspensas no início da manhã. A interrupção desta terça-feira (12) levou mais de uma hora. A parada nos negócios ocorre para evitar que o investidor feche transações que não refletem corretamente as condições do mercado. 

Na volta dos negócios, os juros oferecidos pelos títulos públicos apresentam movimento misto: taxas de títulos atrelados à inflação avançam, enquanto as remunerações dos títulos prefixados recuam.

Entre os prefixados, o papel com vencimento em 2025 oferecia um retorno de 11,90%, às 10h50 de hoje, contra 12,05%, na sessão anterior. Já entre os títulos atrelados à inflação, o destaque estava no Tesouro IPCA +2055 que entregava um juro real de 5,72%, acima dos 5,67% registrados ontem (11).

Na leitura de agentes financeiros, a fala de segunda-feira (11) de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, enterrou a ideia de que a autoridade monetária deve encerrar o ciclo de ajuste da Selic na reunião de maio.

Ou seja: a expectativa agora é de que o BC siga elevando os juros em mais três encontros e que a Selic encerre em agosto deste ano em 13,75%, de acordo com o gráfico da curva DI.

Investidores monitoram ainda dados de atividade econômica do Brasil. Mais uma vez, o volume de serviços no Brasil decepcionou, ao recuar 0,2% em fevereiro na comparação.

Destaque também para os preços do petróleo, que sobem e recuperam parte das perdas da sessão anterior. Atenção ainda para os números do Índice de Preços ao Consumidor nos Estados Unidos (CPI, na sigla em inglês).

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na manhã desta terça-feira (12), na volta dos negócios: 

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Serviços no Brasil

Na agenda doméstica, o radar do mercado está focado no volume de serviços, que caiu 0,2% em fevereiro de 2022 na comparação com janeiro, acumulando uma perda de 2,0% frente ao nível de dezembro de 2021. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na base anual, a alta foi de 7,4%. Ambos os dados decepcionaram as estimativas, que previam avanço de 0,7% na base mensal e de 8,8% na comparação ano contra ano, segundo consenso Refinitiv.

“Das últimas seis taxas, quatro foram negativas (em agosto, setembro, janeiro e fevereiro) e duas foram positivas (em novembro e dezembro). Ainda que haja um predomínio de taxas negativas, o saldo desses 6 meses ficou em 0,1%, ligeiramente positivo e muito próximo da estabilidade”, contextualiza o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.

“Isso configura um setor de serviços mais estacionário, mostrando uma acomodação dos ganhos auferidos até agosto de 2021”, complementa.

Guedes, sem escassez hídrica e flexibilização de gastos

Na agenda política, destaque para a fala de Paulo Guedes, ministro da Economia. Em evento ontem (11), o chefe da equipe econômica disse que uma eventual reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) será acompanhada do mesmo programa de governo atual, que deve ser apenas aprofundado.

Em fala posterior, o presidente Jair Bolsonaro também reforçou que “a princípio” Guedes seguirá no comando da pasta, “sem problema nenhum”. O presidente destacou ainda que o ministro da Economia pretende fazer uma nova investida para tirar do papel o programa “carteira verde e amarela”, voltado à geração de empregos com redução de encargos trabalhistas.

Também na seara política, a Câmara dos Deputados aprovou ontem (11) a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 13/2021. Na prática, ele impede a punição a gestores municipais que não aplicaram os percentuais mínimos de gastos com educação em 2020 e 2021 devido à pandemia de covid-19. A proposta já havia passado pelo Senado e agora segue para promulgação.

A justificativa para aprovação da PEC é que a pandemia, que obrigou a suspensão de aulas e, ao mesmo tempo, o redirecionamento de verbas para a área da saúde, impediu prefeitos de investirem em educação uma porcentagem mínima prevista em lei.

Destaque também para o nível de armazenamento dos reservatórios no Brasil. Ontem (11), Luiz Ciocchi, diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), destacou que os reservatórios das hidrelétricas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste chegaram ao período seco com um nível de armazenamento de água que não se via desde 2012.

Segundo ele, por esse motivo, a alta do preço dos combustíveis fósseis, puxada pela guerra entre a Rússia e Ucrânia, não deverá afetar tanto o setor como afetaria no ano passado, quando todas as usinas termoelétricas do país foram acionadas, inclusive as mais caras.

CPI e commodities

Na cena internacional, o destaque está nos números do CPI dos Estados Unidos, que acelerou e teve alta de 1,2% em março frente fevereiro, em linha com o esperado, segundo dados divulgados pelo Departamento do Trabalho nesta terça-feira (12), após avanço de 0,8% no mês anterior. Na base anual, a alta foi de 8,5%.

O núcleo da inflação (que exclui alimentos e energia), por sua vez, teve alta de 0,3% em março frente fevereiro, abaixo do esperado. Na comparação anual, a alta foi de 6,5%.

O consenso Refinitiv apontava para alta de 1,2% do índice cheio na base mensal e de 8,4% na comparação anual.

Já para o núcleo, a projeção era de avanço de 0,5% frente fevereiro, levando a uma alta esperada frente igual período de 2021 de 6,6%.

Atenção também para as cotações do petróleo, que sobem forte na sessão de hoje, à medida que os temores de uma desaceleração da demanda na China diminuíram depois que Xangai relaxou algumas restrições relacionadas ao COVID-19, e a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) alertou que seria impossível elevar a produção o suficiente para compensar a perda de oferta russa.


Fonte

www.infomoney.com.br

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