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A Polícia Federal cumpre nesta quinta-feira (6) 20 mandados de busca e apreensão contra o Francisley Valdevino da Silva, acusado de abrir mais de 100 empresas para aplicar um golpe contra milhares de pessoas e que ficou conhecido como o “Sheik das criptomoedas”.

Segundo a PF, o esquema teria movimentado mais de R$ 4 bilhões desde 2016, com recursos inclusive enviados para fora do Brasil. O dinheiro seria de vítimas que acreditaram em uma promessa de altos retornos sobre o capital investido em uma suposta operação com criptomoedas.

Cerca de 100 policiais federais saíram às ruas na manhã de hoje nas cidades de Curitiba e São José dos Pinhais (PR), Governador Celso Ramos (SC), Barueri e São José do Rio Preto (SP), e Angra dos Reis (RJ) para cumprir ordens judiciais no âmbito da investigação. Também foram decretados sequestro de imóveis e bloqueio de valores de Silva.

A principal empresa do grupo é a Intergalaxy, que tem sede em Curitiba. Segundo uma fonte ouvida pelo InfoMoney, a empresa e Francisley Silva “não têm mais dinheiro para pagar nada”.

À reportagem, o advogado do acusado confirma a operação da PF, mas diz que “o Francis está cooperando com a polícia. Inclusive ele já tinha se colocado a disposição anteriormente. Agora só foi cumprido busca e apreensão de objetos de valores”.

Segundo o advogado, que admite ainda estar se atualizando dos novos fatos, diz que seu cliente já tinha conhecimento da investigação, e que uma de suas empresas, Rental Coins, já havia entrado com pedido de recuperação judicial há dois meses.

Sobre as perdas relatadas pelas vítimas, o advogado confirma que houve promessa de ganhos, mas que a empresa deixava claro de que havia riscos envolvidos.

Operação Poyais

Segundo a PF, o investigado enganou milhares de vítimas com a promessa de retorno de até 20% em cima do capital investido em criptomoedas, supostamente mediante a negociação desses ativos com uma grande equipe de traders especializados. No entanto, segundo a PF, as negociações nunca existiram.

A suposta organização criminosa, de acordo com a PF, teria tido a participação “de muitos membros de sua família que também eram funcionários de suas empresas, para se apropriar dos valores investidos, tanto em reais como em criptomoedas”.

O esquema também teria realizado um golpe com criptos similar no exterior, porém com foco em marketing multinível. O grupo teria estendido sua atuação para os Estados Unidos e ao menos outros 10 países.

A Polícia Federal deu início à investigação em março de 2022 após a Interpol receber informações e solicitação de cooperação da Homeland Security Investigations (HSI), do Department of Homeland Security da Embaixada dos EUA em Brasília.

Autoridades brasileiras foram então informadas que uma empresa internacional com atuação nos Estados Unidos, bem como seu principal gerenciador, um brasileiro residente em Curitiba, estavam sendo investigados pela Força Tarefa de El Dorado (El Dorado Task Force), da HSI de Nova Iorque, por envolvimento em conspiração multimilionária de lavagem de capitais a partir de um esquema de pirâmide de investimentos em criptoativos.

A investigação no Brasil agora ocorre no âmbito da Operação Poyais, nome que faz referência a uma grande fraude cometida na Inglaterra no século XIX.

Entenda o caso

Silva construiu um grupo empresarial transnacional composto por cerca de 100 empresas no Brasil e no exterior. As principais empresas são as seguintes: Rental Coins Tecnologia da Informação LTDA, Intergalaxy Holding SA, ITX Administradora de Bens LTDA e Interag Administração de Fundos LTDA. Em algumas, sua mãe aparece como sócia. Em suas comunicações, o conglomerado se identifica como “grupo Interag”.

Um levantamento feito pelo InfoMoney nos tribunais de Justiça mostra que os valores somados das ações chegam a R$ 100 milhões. Como alguns casos estão em segredo de Justiça, e há processos em outros estados, o montante pode ser ainda maior.

Todo esse imbróglio chamou a atenção das autoridades. O Ministério Público Federal do Paraná informou que há procedimentos de fato em curso. O órgão disse que não pode disponibilizar outras informações sobre os potenciais investigados até que eventuais denúncias sejam formalizadas e ajuizadas. A Polícia Federal do Paraná e a Polícia Civil de São Paulo também estão investigando o caso.

Entre as pessoas supostamente lesadas pelo grupo estão a modelo Sasha Meneghel, filha da apresentadora Xuxa, e o marido dela, João Figueiredo. Eles alocaram R$ 1,2 milhão no negócio. Em abril deste ano, após não conseguirem reaver o valor, entraram com uma ação na Justiça do Paraná.

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Fonte

www.infomoney.com.br

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