São Paulo – A MRV&Co (MRVE3) teve prejuízo líquido de R$ 333,4 milhões no quarto trimestre de 2022, de acordo com balanço publicado há pouco. O resultado representa uma reversão frente ao mesmo período de 2021, quando obteve lucro líquido de R$ 300,1 milhões.
O prejuízo foi causado principalmente pelo negócio principal do grupo, a MRV Incorporações, que atua no Minha Casa Minha Vida. Aqui houve um resultado líquido negativo de R$ 301,0 milhões.
A companhia contabilizou resultado negativo de R$ 161,2 milhões na operação de equity swap, que consistiu na compra de ações da MRV em 2021 e 2022 mediante instrumento financeiro derivativo. As perdas refletem a desvalorização desse papéis de lá para cá.
A MRV também enfrenta o problema do declínio da margem bruta nos últimos trimestres devido ao aumento dos custos de construção de imóveis, mas sem possibilidade de correção nos contratos por se tratar de clientes já repassados aos bancos. A margem bruta da MRV no quarto trimestre de 2022 foi de 19,4% ante 22,4% um ano antes.
Por sua vez, a Resia, empresa de desenvolvimento de prédios para locação e venda nos Estados Unidos, teve resultado líquido negativo de R$ 21 milhões. A Luggo, de locação e venda, teve prejuízo de R$ 15,7 milhões, enquanto a Urba, de loteamentos, contribuiu com lucro de R$ 4,3 milhões.
A receita líquida consolidada alcançou R$ 1,661 bilhão no quarto trimestre de 2022, recuo de 12,7% na mesma base de comparação anual por conta de vendas mais fracas. A margem bruta consolidada foi a 20,2% ante 23,4% um ano antes.
O resultado financeiro (saldo entre receitas e despesas financeiras) ficou negativo em R$ 253,3 milhões, enquanto um ano antes ficaram positivas em R$ 21,8 milhões. O aumento das despesas com juros se devem ao aumento da dívida e dos juros.
A dívida líquida consolidada foi a R$ 4,667 bilhões no quarto trimestre de 2022, crescimento de 74,9% em um ano. Nesse período, a alavancagem (medida pela relação entre dívida líquida/ebitda anualizado) foi para 5,76 vezes de 1,88 vez. A companhia tem a meta de chegar ao patamar de 2,5 vezes a 2,7 vezes em 2025.
A queima de caixa foi de R$ 539,5 milhões no quarto trimestre. A MRV&CO fechou o ano com R$ 2,892 bilhões em caixa e R$ 1,087 bilhão de dívidas com vencimento em 2023 (dos quais R$ 842 milhões são dívidas corporativas e R$ 245 milhões em financiamento à produção).
O grupo se aproximou do limite de alavancagem assumido como parte de suas emissões de dívidas (termo chamado de covenant). A relação entre a dívida líquida mais imóveis a pagar divididos pelo patrimônio líquido total ficou em 0,63, sendo que a obrigação é de manter esta métrica de endividamento deve ficar abaixo de 0,65.
Operacional
Os lançamentos consolidados da MRV&CO foram de R$ 3,480 bilhões no quarto trimestre de 2022, aumento de 7,3% na comparação com o mesmo período de 2021, conforme o grupo já havia informando em relatório operacional prévio.
As vendas consolidadas da MRV&CO atingiram R$ 2,062 bilhões no quarto trimestre de 2022, queda de 14,2% frente ao mesmo período de 2021.
A companhia explicou que houve uma concentração de lançamentos no fim do trimestre, sem que houvesse tempo para as vendas responderem na mesma proporção. Isso deve ser compensado nos primeiros meses de 2023, segundo a companhia.
Fonte
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