Entre os maiores bancos do país, com uma carteira de crédito de R$ 900 bilhões e 148 milhões de clientes, a Caixa Econômica Federal quer transformar brasileiros, especialmente os trabalhadores informais, em micro e pequenos empresários. Sob nova gestão, o banco aposta na educação financeira para isso.
“Eu acho que o empreendedorismo é uma grande ferramenta de transformação social e de redução de desigualdade social”, disse a nova presidente da Caixa, Daniella Marques, durante a Expert 2022, evento organizado pela XP, em São Paulo. Ela ocupa o cargo desde junho deste ano, quando substituiu Pedro Guimarães após denúncias de assédio sexual envolvendo o executivo.
“Quando eu fui para a Caixa, eu estava no centro da política pública em Brasília. Você entra na máquina de varejo e é como se fosse a complementariedade perfeita, porque é a chance de você fazer educação financeira, de você difundir ideias liberais na base”, disse.
“Às vezes, do ponto de vista de narrativa política, o liberal parece um pouco insensível socialmente, e é o contrário: você quer fazer a rampa financeira, inserir as pessoas nos mercados, fazer com que elas progridam e que elas não se perpetuem em programas de assistência”, continuou.
“Mas, no final, você pode fazer tudo, mas a narrativa que se constrói é que é a política econômica de esquerda que protege. Eu não acredito nisso, nenhum país que tenha prosperidade construiu esse caminho de prosperidade e riqueza assim”, afirmou a executiva, que já foi sócia do ministro Paulo Guedes.
A estratégia, segundo ela, é usar a capilaridade da Caixa, estando presente em 99,5% dos municípios brasileiros e que opera hoje todos os programas sociais do governo, para “levar essa jornada empreendedora” aos brasileiros.
“Educação financeira na veia, explicar os produtos de crédito, traduzir, eu acho que a gente pode fazer um trabalho transformacional muito grande. É nisso que a gente está focado, esse é um dos legados que eu quero deixar”, disse.
Pronampe e Produtos
Daniella elogiou a criação do Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte). “99,5% das empresas hoje no Brasil são pequenas e médias e elas são muito relevantes na atividade econômica, na geração de emprego e renda”, disse.
“A hora que o governo entra como fundo garantidor, bancando o first loss e permite alavancar crédito para você enfocar, eu acho que é uma forma muito saudável de, ao invés de você ficar subsidiando, você gerar um ciclo positivo, com condições que eles não teriam normalmente. Talvez não tivessem acesso e, se tivessem, num risco de crédito, uma vez que não teriam esse first loss, a taxas bem mais altas”, completou.
Além de ser o banco da habitação, que tradicionalmente oferece os juros mais baixos para financiamentos imobiliários, Daniella afirmou que a Caixa também quer ser o banco do pequeno empreendedor e do microempreendedor. “Isso faz com que a Caixa concilie a sua vocação social com uma vocação de resultado, focada no cidadão”, disse.
Parte desse processo está na busca de quem não tem nem condições mínimas de acessar o Pronampe, por exemplo, que exige um histórico mínimo de 12 meses de movimentações das empresas. “Tem muitos brasileiros também que deixam de se formalizar, ter um MEI, uma empresa, porque acham que vão perder benefícios sociais se fizerem isso, e não é verdade”, afirmou.
A executiva também enfatizou que o grande foco hoje é reorientar o banco em relação a produtos para clientes. “O governo é o maior cliente do banco e você tem uma série de monopólios de produtos contratados, o que faz com que 148 milhões de brasileiros estejam na minha porta giratória. É um banco que não precisa originar cliente. Só que hoje ele entra, saca o FGTS e sai, e depois vai aplicar lá na XP, ou no Nubank, ou no C6 ou de quem for.”
“O governo fez um trabalho fantástico, e isso constava no plano econômico, que era, baseado em benchmarks lá fora, primeiro você digitaliza o cidadão, depois você ‘bancariza’ e depois você insere ele nos mercados e cria um programa de assistência que fica de mãos dadas com ele nos próximos dois anos”, afirmou.
“Quando você vê o trabalho que a Caixa fez no pagamento do Auxílio Emergencial, o que facilitou muito aquela operação do CaixaTEM e a gente abrir conta para 38 milhões de brasileiros invisíveis foi o fato de eles já estarem sendo digitalizados.”
Fonte
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