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Depois de dois anos de um movimento acelerado de consolidação no mercado de plataformas de investimento no Brasil, o setor se voltou aos Estados Unidos. Mas por que as instituições financeiras iniciaram uma corrida para oferecer aos clientes opções de investimento direto fora do País, em um momento em que a taxa de juros tornou a renda fixa superatrativa?

A resposta rápida é que o movimento começou já há algum tempo, mas só ficou bastante evidente com a compra da Avenue, corretora brasileira com sede em Miami, pelo Itaú Unibanco. foi seu maior movimento desde a aquisição de metade da XP, de Guilherme Benchimol, há cinco anos – mas cujo divórcio se concretizou mais recentemente.

Na verdade, mesmo que o cenário de juros tire o ímpeto do investidor de se arriscar em Bolsa de Valores, a visão de analistas é de que uma alocação de parte da reserva fora do país e em dólar será a cada dia mais necessária, pela diversificação dos investimentos, o que ajuda a proteger o patrimônio.

Do lado dos bancos e plataformas, prover acesso direto aos ativos nos EUA é dado como um ponto fundamental para um novo ciclo de crescimento do setor, algo que já poderá começar com um início da queda dos juros, prevista para meados de 2023, dizem especialistas.

O passo do Itaú foi o mais relevante nessa direção, mas não o primeiro. Antes, BTG Pactual, XP e Inter já vinham se posicionando, por meio de parcerias. O C6 também passou a oferecer a mesma facilidade, incluindo acesso a fundos de casas estrangeiras. Já o Bradesco aproveitou a estrutura do BAC Florida Bank, aquisição feita em 2019, para lançar o US Invest, prateleira de investimentos diretos nos Estados Unidos oferecida também às pessoas físicas que têm conta na corretora Ágora.

Com isso, com poucos cliques no aplicativo do celular, até mesmo o investidor com pouco dinheiro já pode investir. Com o dólar valorizado, o preço da ação pode ficar salgado em reais. Considerando já a conversão da moeda, cada ação da gigante Amazon, por exemplo, chega a custar cerca de R$ 700.

Segundo o especialista no setor e sócio da consultoria Spiralem, Bruno Diniz, são esperados novos acordos para que outras plataformas consigam acoplar investimentos diretos aos clientes. “O investimento direto era antes algo inacessível para grande parte dos investidores pessoa física. Hoje, o cenário de juro alto está levando investidores para a renda fixa, mas um caminho é a dolarização da carteira e diversificação”, diz. Para ele, esse será o novo campo de batalha onde o mercado de investimento vai brigar.

Professor da FGV, Henrique Castro diz que, além da maior quantidade de opções de investimento nos EUA, outra vantagem ao acessar mercados de outros países é investir em economias consideradas mais estáveis que a brasileira: “Para conseguir um portfólio diversificado é importante pensar em alocação em ativos no exterior.” Ele lembra que o investidor, contudo, precisa ficar atento às oscilações cambiais, que vão mexer na rentabilidade.

O novo passo das plataformas de investimento foi possível após uma mudança de regulação no Brasil, que deu acesso aos investimentos no exterior também ao pequeno investidor. Antes, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no intuito de proteger esse grupo, colocou barreiras para os investimentos em ativos fora do Brasil, tornando-os disponíveis apenas para investidores de grande porte. Essa régua, antes alta, deixou de existir, com a leitura de que diversificação é benéfica também ao pequeno.

Responsável pela plataforma de investimento do Banco Inter, Felipe Bottino afirma que a alocação no exterior, com variação cambial, é uma necessidade de todos clientes. Para aqueles que têm perfil conservador, a sugestão tem sido manter uma exposição de 5% da carteira.

Na Warren, o acesso direto às bolsas dos EUA para todos os clientes ocorrerá a partir de setembro, por meio de uma parceria com uma empresa local. A plataforma espera captar US$ 1 bilhão, com 100 mil novos clientes em três anos.

(Com Estadão Conteúdo)

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Fonte

www.infomoney.com.br

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