Após a divulgação dos resultados do segundo trimestre do ano na noite de ontem, as ações da Vivo (VIVT3) caem nos primeiros negócios desta quarta-feira (27). Às 10h42 (horário de Brasília), os papéis eram negociados a R$ 45,14, queda de 2,69%.
Mesmo com a queda no lucro líquido da operadora no período, o CEO da companhia, Christian Gebara, afirmou que a empresa conseguiu ser eficiente, levando em conta o macroeconômico desafiador. O executivo apontou para a geração de caixa livre da empresa, que acumula R$ 4,6 bilhões nos seis primeiros meses do ano. “Um crescimento de 13,9%, permitindo nosso investimento contínuo no nosso ‘core business’ – fibra, serviços móveis digitas, aparelhos e acessórios, que hoje representam 90% da nossa receita”, afirmou Gebara.
A Telefônica Brasil, dona da Vivo, teve lucro de R$ 746 milhões no segundo trimestre, queda de 44,6% na comparação anual. Os custos totais recorrentes da empresa somaram R$ 7,253 bilhões no período, crescimento de 12,9% em relação ao mesmo período de 2021 e um pouco acima da inflação.
“Aqui teve mais gasto de pessoal. Tivemos contratações adicionais nas áreas que estão crescendo, como a área de B2B. Mas também teve uma mudança no mix de receita”, explica Gebara. Segundo ele, quando a empresa vende mais serviços digitais e de terceiros, a margem é menor. “O importante é destacar o Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações] absoluto, de R$ 4,6 bilhões, que é o que representa o nosso crescimento”, afirma. A margem Ebitda caiu 1 ponto percentual para 38,7%.
Na avaliação do Credit Suisse, o destaque positivo do balanço da Vivo foi o crescimento das receitas com serviços móveis, que cresceram 15,1% na comparação com o segundo trimestre de 2021. O avanço foi maior que o projetado pelo banco e pelo consenso do mercado. “Vimos resultados fortes no segmento pós-pago, reflexo do aumento de preços e adições líquidas robustas, de 1 milhão de assinantes, beneficiadas pela menor taxa de cancelamento da história da Vivo”, diz a análise do Credit.
O avanço das receitas leva em conta os usuários da Oi (OIBR3;OIBR4), com a aquisição dos ativos móveis da companhia. São 12,5 milhões de clientes – sendo 7,9 milhões do segmento pré-pago. “São clientes da Vivo, mas que hoje podem estar operando com o serviço da Oi e nós pagamos para a empresa atender esse cliente”, explica Christian Gebara. Até março de 2023, os usuários deixarão de ter o plano da Oi e vão ter que ter o plano da Vivo. “As migrações estão ocorrendo, não só dos clientes que são direcionados à Vivo, como também tem a portabilidade de clientes da Oi, de outros DDD’s, que decidem vir pra Vivo”, afirmou o executivo.
O presidente da Anatel, Carlos Baigorri, afirmou recentemente que se liminares judiciais que suspendem obrigações para oferta de roaming a concorrentes por parte de TIM (TIMS3), Vivo e Claro não forem revertidas, a agência poderá buscar desfazer a venda da Oi Móvel para as três companhias.
“Aqui não existe descumprimento. Estamos seguindo todos os cumprimentos e todas as obrigações definidas pela Anatel e Cade”, afirmou Gebara, questionado sobre a possibilidade de suspensão da compra dos ativos. Segundo ele, a discussão no momento é sobre metodologia para definir os valores do roaming. “Estamos confortáveis nesse sentido e vamos com certeza trabalhar com a Anatel para chegar em um acordo sobre o modelo de determinação dos preços do roaming que teremos que ofertar”, complementou.
A Vivo também espera ter todas capitais cobertas com o 5G até o final do ano. Belo Horizonte, Porto Alegre e João Pessoa são as próximas cidades a receber a tecnologia. “Estamos colocando fibra em todos os sites e já temos isso avançado. Temos a maior rede de fibra do Brasil, isso ajuda em escoar os tráfegos com 5G. Compramos as melhores frequências do mercado para atender a esse cliente”, explicou Gebara.
Resultado da Vivo foi “neutro”, dizem analistas
Para o Credit Suisse, os resultados da Vivo no segundo trimestre foram neutros. O destaque negativo foi a desaceleração nas receitas de serviços fixos e contração de 100 pontos base na margem Ebitda, para 38,7%. O Credit já previa queda, porém em menos intensidade, de 50 pontos base. “Apesar disso, não vemos preocupação significante, já que boa parte da perda da margem pode ser explicada pela linha ‘outras receitas e custos’, que é uma parte muito volátil do balanço”, escreveram os analistas Daniel Federle e Victor Ricciuti. O Credit tem classificação neutra para VIVT3 e preço-alvo de R$ 54.
O Citi classificou as receitas da Vivo como “saudáveis”. No segundo trimestre, o faturamento líquido da companhia foi de R$ 11,8 bilhões, acima das estimativas do banco e do consenso do mercado. Mas a casa diz estar cautelosa em relação ao papel, diante da pressão negativa dos custos, e manteve recomendação neutra. O preço-alvo do Citi para VIVT3 é R$ 53.
Do lado positivo, analistas da XP apontam que a empresa registrou um sólido crescimento de receita líquida mas, por outro lado, a margem Ebitda (Ebitda sobre receita) ficou 0,8 ponto percentual abaixo das suas projeções, impactada por inflação mais alta e mix de receitas (maior participação do B2B digital e vendas de aparelhos).
A equipe de research da XP ainda destaca que a Vivo tem conseguido aumentar o preço sem aumentar o churn (cancelamento) de sua base de clientes. Na visão dos analistas, o forte crescimento da receita móvel também reflete, de certa forma, o cenário competitivo mais racional após a consolidação do mercado, passando de quatro para três players. “Esse cenário competitivo mais favorável deve acelerar as sinergias de receita após a aquisição de parte da Oi Móvel pela Vivo.”
A XP mantém recomendação neutra para o ativo e preço-alvo de R$ 58, implicando em um potencial de valorização de 23,7% em relação ao preço de fechamento da véspera.
Fonte
www.infomoney.com.br