Skip to main content

Por mais um trimestre, a Lojas Renner (LREN3) divulgou resultados que não animaram os analistas de mercado. A varejista registrou lucro líquido de R$ 415,8 milhões no quarto trimestre de 2021 (4T21), cifra 17,5% superior ao registrado no quarto trimestre de 2020.

As tendências da receita, que somou R$ 3,560 bilhões entre outubro e dezembro do ano passado, alta de 22% na comparação com igual etapa de 2020, foram consideradas animadoras. Porém, as margens mais baixas ofuscaram esse dado positivo, fazendo com que casas reduzissem as projeções para a ação da companhia, como o caso do Bradesco BBI, ou colocassem o papel em revisão, caso do Itaú BBA.

Contudo, a sessão é de forte volatilidade após o resultado. As ações iniciaram o dia com forte queda, chegando a terem perdas de 7,73%, a R$ 21,13. Contudo, também acompanhando o desempenho mais positivo do mercado, os papéis LREN3 amenizaram a baixa e, às 12h25 (horário de Brasília), tinham perdas de 1%, a R$ 22,67. Já às 13h40, o ativo subia 1,27%, a R$ 23,19.

A XP destacou que a varejista registrou resultados mais fracos do que o esperado, com as margens ainda pressionadas pela pressão de custos e investimentos na construção do seu ecossistema combinado à provisão de bônus feita no trimestre.

As vendas líquidas subiram 26% na base anual, uma vez que o maior tíquete médio compensou a queda no fluxo de lojas, levando a um crescimento de vendas mesmas lojas (SSS) de 19% na base anual, enquanto as venda brutas de mercado (GMV) digital atingiu R$ 514 milhões, alta de 38% na base anual e se mantendo estável versus o terceiro trimestre como porcentual da receita líquida, em 12%. A companhia continua a ver uma recuperação de vendas em 2022, com aceleração de crescimento versus 2019.

A rentabilidade foi o destaque negativo. A margem Ebitda (lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização, ou Ebitda, sobre receita líquida) ajustada atingiu 21,8% no período, baixa de 3,5 pontos percentuais frente a margem registrada em 4T20.

A XP aponta que a margem mostrou pressão pelos investimentos da companhia na construção do seu ecossistema, mas com uma provisão de bônus surpreendendo para cima, em R$ 148 milhões, levando a um Ebitda 10% abaixo das estimativas da XP.

“De acordo com a empresa, essa provisão pode ser vista como pontual uma vez que as metas anuais foram definidas em um momento bastante incerto, com o cenário melhorando mais rápido do que esperado durante 2021”, ressalta a XP.

Olhando para Realize, o crescimento de receita foi sólido (em alta de 99% na base anual) motivado pela recuperação de vendas combinado às emissões do Meu Cartão, enquanto o nível de inadimplência aumentou no trimestre em 0,8 ponto percentual, apesar de ainda se manter em linha com níveis históricos. Já o lucro líquido ficou em linha com as estimativas da casa. A XP segue com recomendação de compra para o papel e preço-alvo de R$ 42 por ação, ou potencial de alta de 83% frente o fechamento de quinta.

Analistas do Bradesco BBI ressaltam que a Renner teve um bom desempenho de receita, que foi ofuscado pelas margens fracas. A pressão de margem era esperada, mas a contração em relação a 2019 foi maior do que esperado, mesmo após revisar as estimativas para baixo no final de janeiro.

A maior preocupação é a margem bruta, que caiu 3 pontos percentuais em relação a 2019. A empresa havia sinalizado uma base de comparação difícil em 2019, mas a bandeira Renner teve a menor margem bruta do quarto trimestre em vários anos, o que significa que a inflação de custos (matérias-primas, frete e câmbio) tem cobrado seu preço (remarcação está em níveis historicamente baixos ).

Como consequência, os analistas reduziram a estimativa de margem bruta para 2022 – anteriormente esperavam alguma recuperação ano a ano, mas agora assumiram estabilidade.

O BBI mantém classificação outperform (desempenho acima da média, equivalente à compra) para Lojas Renner, mas cortou o preço-alvo de R$ 40 para R$ 37, ainda um potencial de alta de 61% em relação ao fechamento da véspera.

Como destacado, as tendências de receita foram fortes, enquanto a administração da empresa observa que as fortes tendências de vendas continuaram e aceleraram até agora em 2022 o que, na visão do BBI, aumenta a probabilidade de se começar a ver alguma diluição dos investimentos que foram feitos em despesas gerais e administrativas para apoiar a estratégia do ecossistema da empresa.

“No entanto, isso não resolve o problema da margem bruta. Mesmo com as ações sendo negociadas com um múltiplo de preço sobre o lucro esperado para 2022 atrativo de 18,5 vezes, acreditamos que os investidores provavelmente permanecerão cautelosos devido à pressão nas margens”, apontam os analistas.

Já o Itaú BBA colocou a ação da Lojas Renner  em revisão devido à menor rentabilidade. Para analistas, os resultados da Lojas Renner no 4T21 ficaram amplamente em linha para receita e lucro, mas significativamente abaixo das expectativas para o Ebitda ajustado nas divisões de varejo e serviços financeiros.

Segundo BBA, a decepção no varejo foi impulsionada principalmente por maiores despesas gerais e administrativas (em maiores investimentos digitais) e despesas de participação nos lucros, enquanto os resultados de serviços financeiros foram prejudicados por maiores provisões.

O fato de as margens terem ficado aquém das estimativas conservadoras levou o banco a colocar LREN3 em revisão por enquanto.

Recuperação no radar?

Em teleconferência para apresentação de resultados, Daniel Santos, CFO da Lojas Renner, afirmou que, em 2021, houve ganhos de eficiência digital, mas as despesas gerais e administrativas foram impactadas, atingindo patamares superiores àqueles anteriores à pandemia.

Como fatores que explicam esse quadro, Santos destacou a inflação; lojas com produtividade ainda abaixo do usual por conta da pandemia; despesas com a ampliação do canal digital; e investimentos em um novo centro de distribuição.

Ele afirmou que a maturação do centro de distribuição deve gerar até 3 pontos percentuais em eficiência, e que os canais digitais também devem se tornar mais eficientes. Em 2022 e 2023, diz esperar que a empresa ganhe eficiência, de forma a chegar mais próximo dos níveis de 2019.

Fabio Faccio, CEO da Lojas Renner, afirmou ainda que as vendas em janeiro foram mais fracas por conta da propagação da variante Ômicron do coronavírus, mas que as de fevereiro e março vieram mais fortes.

Ele vê como positivos os movimentos de governos estaduais e prefeituras de suspenderem medidas de restrição de mobilidade, que vêm levando a maior segurança do público e aumento das vendas. O executivo afirmou que as vendas da nova coleção de outono e inverno estão positivas.


Fonte

www.infomoney.com.br

Leave a Reply

1