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O movimento de rotação das chamadas ações de valor – de setores mais maduros e ligados à economia real, como de commodities -, para de crescimento, como techs e varejistas, tem ganhado uma força bastante significativa na primeira quinzena de julho.

No acumulado do mês, enquanto as ações de valor, como CSN Mineração (CSNA3), 3R Petroleum (RRRP3), CSN (CSNA3) e SLC Agrícola (SLCE3) apareceram entre as maiores baixas do índice, empresas como Via (VIIA3), Americanas (AMER3), Magazine Luiza (MGLU3) e construtoras se destacaram entre os maiores ganhos do Ibovespa, conforme destacado nos quadros abaixo:

As maiores altas do Ibovespa na primeira quinzena de julho:

As maiores baixas do Ibovespa na primeira quinzena de julho:

Empresa Ticker Desempenho
3R Petroluem RRRP3 -18,24%
CSN Mineração CMIN3 -13,47%
Bradespar BRAP4 -11,89%
Suzano SUZB3 -11,57%
Vale VALE3 -10,70%
SLC SLCE3 -10,65%
CSN CSNA3 -10,36%
SulAmérica SULA11 -10,05%
B3 B3SA3 -8,49%
Klabin KLBN11 -8,42%

 

Os analistas da Guide Investimentos, em relatório, destacam que o fim do ciclo de alta das commodities, com o aperto monetário no horizonte, está mudando a liderança na Bolsa. Assim, empresas que exportam produtos estão entre as maiores quedas enquanto “consumidores” de commodities estão entre as maiores altas, assim como empresas que se beneficiariam de uma queda nos juros, como construtoras e as conhecidas empresas de crescimento.

Para Fernando Siqueira, Rodrigo Crespi, Gabriel Gracia, que fazem a análise, a visão é que a rotação está apenas começando.

“Após um período longo de inflação alta, estamos agora convivendo com juros altos por algum tempo. Em nossa visão, o mercado já começou a precificar uma nova fase do ciclo econômico: inflação menor e fim do ciclo de alta dos juros”, avaliam.

Os analistas apontam que, nos últimos 12 meses (ou até um pouco mais), as produtoras de commodities figuraram entre as
maiores altas do Ibovespa, acompanhando a alta no preço das commodities no mercado internacional. Do lado negativo, empresas mais cíclicas e mais endividadas ficaram entre as maiores baixas. Isto se deve ao aumento dos juros no Brasil (e mais recentemente no mundo) e devido ao baixo crescimento econômico.

Já mais recentemente, o movimento se inverteu, como observado nos quadros acima. Para a Guide, este não é apenas um “repique” destas ações que caíram muito nos últimos meses (ou anos). Para eles, trata-se de um movimento mais amplo, que reflete a expectativa de desaceleração econômica global (decorrente do efeito posterior do aumento de juros mais Covid na China), queda no preço das commodities e, mais importante, a posterior redução da inflação e dos juros.

“Este padrão tende a ser reforçado quando os sinais de redução na inflação ficarem mais claros, particularmente nos EUA [que ainda registra uma forte persistência da alta dos preços, com novos números recordes de alta de preços ao consumidor apresentados nesta semana]”, avaliam.

Assim, a menor pressão nos juros, que começou inicialmente com a perspectiva de recessão e depois deve ser somada pela queda dos preços, na avaliação dos analistas, deve favorecer novamente as empresas de crescimento, incluindo as que são vistas como sendo do setor de “tecnologia” – como é considerado o e-commerce no Brasil.

Entre as empresas de crescimento, as preferências da casa são WEG (WEGE3) e Petz (PETZ3). Na frente de tecnologia, a Guide destaca a Totvs (TOTS3) e Americanas (AMER3).

Outro grupo que deve se beneficiar do fim do ciclo de alta dos juros são as companhias cíclicas.

A Guide destaca ter visto o início deste movimento com a alta das empresas de construção, o grupo mais sensível a juros no Brasil, uma vez que a venda de imóveis é ligada diretamente ao acesso a crédito.

Além das construtoras, a casa vê empresas de varejo de vestuário como parte deste grupo e acredita que elas também devem continuar mostrando desempenho melhor do que o Ibovespa nos próximos meses, caso a previsão de queda da inflação se confirme.

 

 

Na frente de companhias cíclicas, a Guide aponta as ações da Cyrela (CYRE3) e da Lojas Renner (LREN3). Estas duas empresas caíram bastante nos últimos meses e suas performances recentes ficaram abaixo de diversas outras companhias semelhantes – ou seja, foram melhores que os Ibovespa nos últimos 30 dias, mas abaixo de seus pares.

Por fim, a queda de commodities impulsionou outro setor no último mês, e pode impulsionar ainda mais, para eles: as companhias consumidoras de commodities, como AmBev (ABEV3), BRF (BRFS3) e empresas menores como M.Dias Branco e Camil. “Neste grupo, vemos AmBev e BRF com boas perspectivas para os próximos trimestres e valuation ainda descontado”, aponta a Guide.

A tese de queda de commodities e suas beneficiadas tem sido constantemente reforçada pelo Bradesco BBI, que aponta para uma tese altista para BRF, Ambev e M.Dias Branco. Apesar da performance bem acima do Ibovespa desde o final de junho, os analistas do banco destacam que a queda nos preços de commodities deve continuar melhorando o sentimento dos investidores com relação a esses papéis, pela perspectiva de alívio de custos, enquanto permanecem mais cautelosos com produtores de commodities agrícolas e de carne bovina.

Cautela com os ativos

Pietra Guerra, analista da XP, destaca que as ações dos setores de varejo e tecnologia sofreram muito no começo do ano por conta dos juros mais altos e preocupação com a inflação. Assim, olhando para os preços dos ativos dos setores de crescimento, a baixa recente deles abriu oportunidade como ponto de entrada para vários agentes do mercado, em um cenário de projeção de queda de juros com a desaceleração econômica.

“Quer dizer que varejo está protegido? Não. Sabemos que varejo sofre com inflação, com sentimento do consumidor em níveis baixos. É difícil falar que estamos no fundo, mas, de qualquer forma, houve um bom espaço de compra para alguns ativos”, aponta.

Para Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, o cenário ainda é difícil para empresas de crescimento, uma vez que o ciclo de juros, tanto no Brasil quanto na Europa e nos EUA, ainda está sendo precificado, a depender também da trajetória inflacionária (que pode indicar um maior ou menor aperto monetário para conter a alta de preços)”.

“Enquanto isso está acontecendo, há uma preferência para empresas mais consolidadas, sendo que as que necessitam de capital têm mais dificuldade. Mas existem empresas bem descontadas, que num momento positivo da Bolsa brasileira podem ser destaque”, avalia Cruz.

Para o estrategista, as ações de crescimento não devem ter uma “trajetória tranquila” nos próximos meses, principalmente com a aproximação das eleições, o fiscal sendo questionado e o teto de gastos colocado em xeque. A incerteza também existe sobre a sustentação fiscal de longo prazo, elevando as taxas de juros na parte mais longa da curva e afetando as ações de crescimento, causando um estresse maior. Contudo, avalia, após as eleições, o último bimestre pode levar o mercado a uma recuperação interessante.

Gustavo Akamine, analista da Constância Investimento, avalia que não dá para confirmar que a rotatividade vai continuar de ações de valor para de crescimento. Isso levando em conta o ambiente volátil por causa de eleições, assim como uma possível estabilização dos preços das commodities que, ainda longe das máximas, possam ficar em patamares superiores ao de antes da guerra da Ucrânia.

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Fonte

www.infomoney.com.br

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