Apesar da recuperação desta sexta-feira (11), o Ibovespa ainda acumula na semana fortes perdas, de cerca de 5%, em uma semana marcada pelo temor do mercado sobre o risco fiscal com as sinalizações do próximo governo. Contudo, as ações de commodities, notavelmente a de mineradoras e siderúrgicas, registram disparada na semana, tanto com notícias vindas da China quanto em meio à alta do dólar no período, que também beneficia as exportadoras.
Nesta sexta, as maiores disparadas são de CSN (CSNA3, R$ 14,80, +12,04%), Usiminas (USIM5, R$ 7,87, +8,10%), Gerdau (GGBR4. R$ 30,80, +7,88%), Vale (VALE3, R$ 80,07, +7,40%), Bradespar (BRAP4, R$ 26,17, +6,51%) e CSN Mineração (CMIN3, R$ 3,78, +3,48%), conforme cotação das 12h30 (horário de Brasília). Na semana até então, a maior alta do Ibovespa é de CMIN3, com ganhos de 15%, seguida por GGBR4 com alta de 14%, VALE3 ganhando 11% e CSN subindo 9%. Nos últimos dias, Gerdau e CSN Mineração também anunciaram dividendos, contribuindo para as altas das duas empresas.
A semana marcou um desempenho fortemente positivo para o segmento uma vez, que seguindo o movimento do fim da semana passada – quando ganharam forças os rumores sobre medidas de flexibilização das restrições para conter a Covid 0, o minério de ferro registrou um período de forte alta. Isso ainda que houvesse incertezas sobre o tema com o aumento de casos em de Covid-19 em algumas regiões chinesas.
Contudo, o anúncio nesta sexta-feira do alívio de algumas de suas rígidas regras contra a Covid-19, incluindo a redução de quarentenas em dois dias para contatos próximos de pessoas infectadas e para viajantes que chegam, e a retirada de uma penalidade para companhias aéreas por levarem casos ao país, fizeram com que o minério tivesse novo salto nesta sessão.
O minério de ferro mais negociado para janeiro na Dalian Commodity Exchange da China DCIOcv1 encerrou as negociações diurnas com alta de 5%, a 708,50 iuanes (US$ 99,86) a tonelada nesta sexta, depois de atingir seu maior valor desde 12 de outubro, a 720 iuanes durante a sessão.
Na Bolsa de Cingapura, o contrato de dezembro de referência do ingrediente siderúrgico subiu para 8,2%, para US$ 93,60 a tonelada.
O afrouxamento das restrições, um dia depois que o presidente Xi Jinping liderou seu novo Comitê Permanente do Politburo em uma reunião sobre a Covid gerou ânimo, mesmo com muitos especialistas alertando que as medidas são graduais e uma reabertura mais efetiva provavelmente ainda está longe.
As novas regras, que incluem um tempo de quarentena mais curto para contatos próximos de casos e para viajantes de entrada, estavam entre as medidas examinadas na reunião do comitê de quinta-feira.
Para o Morgan Stanley, o anúncio foi em linha com o esperado, com os analistas avaliando que as calibragens de medidas de flexibilização refletem uma prioridade renovada no crescimento, e o foco das novas diretrizes parece ter se deslocado para “achatar” a curva de casos e aumentar os recursos médicos, o que abriria caminho para uma eventual reabertura.
“Continuamos esperando uma reabertura completa na primavera de 2023, no mínimo, já que etapas preparatórias, como vacinação, mudança na percepção pública sobre temores de efeito da Covid e expansão da capacidade médica, levariam de 3 a 6 meses para serem concluídas”, avaliam.
O Goldman Sachs também reforçou que ainda vê riscos negativos para o crescimento de curto prazo no gigante asiático, já que várias grandes cidades estão relatando casos de Covid com forte aumento. Nelas, a política de Covid-zero permanecerá em vigor durante o inverno e as mudanças no período de quarentena são marginais em termos de impacto econômico.
“No entanto, o sinal de que a alta liderança está se preparando para uma saída de três anos da sua política de zero Covid em algum momento do próximo ano – em nossa opinião, provavelmente após março – parece claro e importante”, avalia o banco.
O Citi também aponta que as mudanças de política de Covid-zero na China devem ser mais efetivas no começo de 2023, mas já veem sinalizações limitando a queda de preços de commodities.
Atualmente, o apetite chinês por minério de ferro está fraco, já que as siderúrgicas optaram por reduzir a produção, enquanto lidam com as perdas da fraca demanda em parte devido à piora no setor imobiliário.
Os cortes usuais de produção de aço de inverno também estão se aproximando na China, o que provavelmente manterá a demanda de minério de ferro moderada pelo menos nos próximos quatro meses.
(com Reuters)
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