Em dia de importantes decisões sobre juros – com as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) no Brasil e do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) nos Estados Unidos – cresceu o receio dos investidores de que as autoridades monetárias precisarão ser mais agressivas para controlar a dinâmica inflacionária.
No caso do Fed, o mercado aposta que há mais de 95% de chance de que haja um aumento de 75 pontos-base (0,75 ponto percentual) na taxa, o maior aumento desde 1994, de acordo com o CME Group.
Aqui no Brasil, os contratos de opções de Copom apontam que há mais de 60% de chance de que o Comitê realize um aperto de 50 pontos-base (0,50 ponto percentual). Porém, ajustes maiores não estão descartados. Agentes financeiros acreditam que há cerca de 20% de chance de que a elevação seja de 75 pontos-base (0,75 ponto percentual).
Atenção também à reunião de emergência convocada pelo Banco Central Europeu (BCE) para discutir as condições do mercado.
Do lado político, investidores acompanham de perto a aprovação do texto-base pela Câmara do projeto que fixa um teto de 17% para o ICMS sobre combustíveis e outros itens.
No Tesouro Direto, o mercado de títulos públicos opera com recuo nas taxas na manhã desta quarta-feira (15), acompanhando a queda vista no rendimento oferecido pelos títulos americanos (treasuries).
Após bater recorde na véspera, o maior juro entre os prefixados era de 13,13% ao ano, oferecido pelo Tesouro Prefixado 2033 e inferior aos 13,25% de um dia antes.
No caso dos papéis atrelados à inflação, o destaque estava nos retornos reais oferecidos pelo Tesouro IPCA+ 2055, de 5,86% ao ano, abaixo dos 5,92% de ontem.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta quarta-feira (15):
Juros nos EUA, reunião do BCE e China
Na cena externa, o foco do mercado está no Federal Reserve. Na avaliação de agentes financeiros, a autoridade monetária americana tem se mostrado atrás da curva e será preciso um ajuste maior para domar a inflação americana, o que pode trazer consequências sérias para a economia dos Estados Unidos.
Marcio Fontes, gestor da ASA Investments, avalia que o problema é muito grande para que seja resolvido sem causar uma grande recessão. “Muito provavelmente, vamos ver uma recessão [nos Estados Unidos]”, disse o especialista em live do Stock Pickers nesta terça-feira (15).
O gestor afirma que a inflação americana está perto de 4% e que a meta é de 2%. Segundo o executivo, para domar a inflação será preciso fazer uma virada no desemprego, para que fique 8% acima do patamar atual. “O desemprego está em 3,6%, logo teria que ir para 11,6%. É algo bastante difícil”, afirma.
Para causar esse choque, o especialista da ASA Investments nota ainda que será necessário fazer com que o Produto Interno Bruto (PIB) retraia em cerca de 16% ao longo de um período que pode ser de três a quatro anos. “Não tem como fazer com que o PIB retraia tanto sem causar uma recessão”, observa.
Indicadores preocupantes na zona do euro também chamam a atenção do Banco Central Europeu (BCE), que convocou uma reunião de emergência, nesta quarta-feira (15) para “discutir as atuais condições no mercado”. Há expectativa de que os dirigentes do BCE tenham no centro de suas discussões os custos crescentes de empréstimos na Europa.
Já na China, a atividade econômica chinesa melhorou no mês passado, com Pequim afrouxando as medidas de controle da Covid-19 para apoiar o crescimento, segundo dados oficiais.
A produção industrial subiu 0,7% em maio em relação ao ano anterior, melhorando ante a queda de 2,9% em abril e também mais positiva do que o recuo de 1% esperado por economistas consultados pelo The Wall Street Journal.
As vendas no varejo, um indicador importante do consumo chinês, caíram 6,7%, em comparação com a queda de 11,1% em abril, informou o Departamento Nacional de Estatísticas. A leitura foi melhor do que a queda de 6,9% esperada pelos economistas pesquisados.
Petrobras, ICMS e despacho gratuito
Na cena política, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou ontem o texto-base do projeto de lei complementar (PLP 18/2022) que estabelece um teto para a cobrança de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis, energia elétrica e serviços de telecomunicações e de transporte público.
A matéria enquadra esses quatro tipos de bens e serviços como essenciais ou indispensáveis, não podendo ser tratados, do ponto de vista tributário, como supérfluos. Dessa forma, os Estados e o Distrito Federal ficariam impedidos de cobrar uma taxa superior à alíquota geral do ICMS, que varia entre 17% e 18%, dependendo da localidade.
A votação dos destaques na Câmara, no entanto, ficou marcada para hoje (15). O motivo foi um problema técnico no painel de votação do plenário.
De olho no peso dos combustíveis sobre o bolso dos consumidores, membros do governo se reuniram na última segunda-feira (13) com a diretoria da Petrobras (PETR3;PETR4) para tentar impedir o aumento de combustíveis que a estatal planeja anunciar ainda nesta semana, segundo apurações da imprensa.
De acordo com o Broadcast, da Agência Estado, a ideia da petroleira é reajustar o preço da gasolina em 9% e o do diesel, em 11%, como forma de amenizar a defasagem de valores entre o mercado interno e o mercado internacional.
Também na cena política, o despacho gratuito voltou à pauta na véspera. Isso porque o presidente Jair Bolsonaro (PL) vetou a emenda que trata sobre o restabelecimento do despacho gratuito de bagagens de até 23 kg em voos nacionais e 30 kg em viagens internacionais. A medida tinha sido aprovada no mês passado na Câmara dos Deputados.
Fonte
www.infomoney.com.br