O Ibovespa fechou em alta de 2% nesta sexta-feira (23), aos 109.697 pontos, consolidando uma alta de 6,65% na semana, maior alta para um intervalo do tipo desde a semana encerrada em 21 de outubro, e fortalecendo a narrativa de que há um “rali de natal”. O principal índice da Bolsa brasileira, além disso, performou mais uma vez melhor do que seus pares norte americanos, que tiveram altas menos expressivas.
Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq subiram, respectivamente, 0,53%, 0,59% e 0,21%. Com exceção do primeiro benchmark, que avançou 0,87% na semana, os outros dois recuaram, contudo, 0,20% e 1,94%, na mesma ordem.
Por lá, a divulgação do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) de dezembro em linha com o consenso ajudou a diminuir a aversão ao risco, instalada desde o anúncio do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), que trouxe um tom mais duro quanto à política monetária, e que ganhou força após a publicação do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos do terceiro trimestre nesta quinta.
“As apostas, nos Estados Unidos continuam sendo de alta dos juros mais considerável, mas, ao menos, o dado não ajudou a aumentar a aversão ao risco. Foi um dado bom, mas não muda todo o cenário já desenhado”, explica Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
Os treasuries yields, apesar da inflação dentro do esperado, fecharam em alta. O para dois anos ganhous 6,2 pontos-base, a 4,327%, e o para dez anos, oito pontos, a 3,751%.
O Ibovespa, para o operador, vem surfando de um bom fluxo de capital estrangeiro para dentro do país.
“Temos visto entrada de estrangeiros suportando as altas mais expressivas do índice, principalmente de ativos que tem relevância dentro do Ibovespa, como bancos e Petrobras”, comenta Mota. “Para a gente ter uma ideia de como os estrangeiros têm ajudado, dezembro, até então, é o quinto melhor mês de fluxo. Isso se dá, em grande parte, por conta da comparação entre preço e lucro das companhias, que estão atrativos no longo prazo, tirando as interferências da volatilidade”.
E a volatilidade, de acordo com os especialistas, diminuiu consideravelmente nesta semana por conta de um noticiário político mais fraco no final dela – o que tende a continuar semana que vem. “Semana que vem deve seguir nessa toada, com investidores receosos um pouco apenas com os últimos anúncios do governo Lula. Mas parte dos ministérios mais importantes já foram anunciados e a agenda deve ficar esvaziada em Brasília. Sem mudanças externas, ou uma notícia bomba, o Ibovespa deve continuar performando bem”, defende o profissional da Manchester.
“Destaque hoje fica para a performance boa da Bolsa brasileira na comparação com os índices de fora. Acho que é um movimente técnico, de recuperação após as fortes quedas gerados pela composição da equipe econômica e pelos maiores riscos fiscais. Com a parada política, com o final da safra de notícias, o mercado acha espaço para se recuperar”, afirma Luiz Adriano Martinez, gerente de portfólio da Kilima Asset.
Entre as maiores altas do Ibovespa na semana ficaram, justamente, companhias que vinham sofrendo por conta do noticiário político. As ações ordinárias da CVC (CVCB3) ganharam 7,53%, as da B3 (B3SA3), 8,57%, e as da Positivo (POSI3), 8,11%. (B3SA3), com mais 8,57%.
A combinação entre noticiário político esvaziado e alta do petróleo, após a Rússia anunciar cortes em sua produção, ajudou a puxar as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3;PETR4), que subiram, na sequência, 5,12% e 4,71%. As ordinárias da 3R Petroleum (RRRP3), por sua vez, subiram 8,34%.
“Petrobras subiu bem. Petróleo sobe lá fora mas a estatal se destaca positivamente até em relação a outras empresas do setor. Recentemente, havia o medo de intervenção do governo na companhia e agora vem um movimento técnico”, aponta Martinez.
Alexsandro Nishimura, economista e sócio da BRA BS, vai no mesmo caminho, destacando a diminuição das preocupações fiscais, após a aprovação de uma PEC de Transição “mais enxugada”. Ele chama atenção também, contudo, para a divulgação do IPCA-15 (espécie de prévia da inflação oficial) de dezembro, que veio com alta de 0,52%, dentro do consenso do mercado.
“O IPCA-15 de dezembro veio um pouco abaixo da mediana das estimativas e impulsionou as altas nos ativos locais nesta sessão, com juros futuros em queda, o que deu força novamente às ações das varejistas”, explica.
A curva de juros, com todos esses fatores, recuou em bloco. Os DIs para 2024 ficaram a uma taxa de 13,46%, com menos 17 pontos-base, e os para 2025, a 12,78%, com menos 21,5 pontos. Os DIs para 2027 perderam 12,5 pontos, a 12,78%, e os para 2029, 12 pontos, a 12,80%. Os DIs para 2031 fecharam a 12,79%, com menos 11 pontos.
O dólar perdeu um pouco de força mundialmente, com o DXY, que mede a performance da divisa americana frente a outras de países desenvolvidos, caindo 0,12%, aos 104.30 pontos. Frente ao real, a queda foi de 0,38%, a R$ 5,166 na compra e na venda, com um recuo de 2,4% na semana.
“Após um dia de divulgação de ministros, tivemos a bolsa hoje operando em alta. Na minha visão, o mercado ficou satisfeito com o nome do Geraldo Alckmin como ministro da Indústria e Comércio, que é excelente para a posição que vai ocupar e muito bem visto pelo mercado. Além disso, a postura de Fernando Haddad está mais receptiva e o mercado está mais tranquilo em relação a ele à frente da equipe econômica”, finaliza Rodrigo Cohen, analista CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos.
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Fonte
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