O Ibovespa fechou em alta de 1,55% nesta terça-feira (10), aos 110.816 pontos, em seu quinto pregão consecutivo com ganhos. O principal índice da Bolsa brasileira repercutiu tanto notícias externas quanto internas.
Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq subiram, respectivamente, 0,56%, 0,70% e 1,01% – com o destaque do dia ficando para a participação de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, em um fórum realizado em Estocolmo, na Suécia.
“O ambiente externo foi mais benigno, com a fala Powell passando batida nesta manhã, sem um tom mais duro. Isso trouxe algum alívio, mesmo que modesto”, explica Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.
Apesar de a maior autoridade monetária americana ter mencionado, por exemplo, que o controle da inflação pode “exigir medidas não populares”, ele não repercutiu falas de outros diretores do Fed, que recentemente falaram que os juros poderiam ficar em patamares elevados por mais tempo.
“O exterior ajudou o Ibovespa. O Powell fez um discurso que era muito aguardado, mas que não teve nenhuma novidade muito grande”, acrescenta Luiz Adriano Martinez, sócio e gestor de renda variável da Kilima Asset.
Fora isso, os especialistas destacam também que os ativos de risco brasileiros vêm surfando no bom começo de ano da Ásia. A China continua diminuindo suas restrições impostas pela política da Covid Zero, anunciado estímulos e há sinais de que o pico da onda recente de infecções passou – o início do período de viagens no país para o Festival da Primavera mostra números 40% mais fortes do que em 2022.
O minério de ferro fechou em alta de 1,2%, a 839,50 iuanes, ou US$ 123,83, na bolsa de Dalian. As ações ordinárias da CSN (CSNA3) e da Vale (VALE3) subiram, respectivamente, 4,77% e 1,23%. As preferenciais série A da Usiminas (USIM5), 3,67%.
No cenário interno, as principais notícias foram a publicação do IPCA de dezembro, a dissipação dos temores institucionais, após os ataques de bolsonaristas à Praça dos Três Poderes no domingo, e possíveis sinalizações de que o Ministério da Economia trará algumas políticas de olho na responsabilidade fiscal.
“O Brasil ficou para trás nos últimos dias, por conta do risco político. Nesta segunda-feira as tensões cresceram depois da invasão à praça dos três poderes, que tomou conta do noticiário, mas a dissipação do movimento permitiu os ativos brasileiros se beneficiarem junto com o exterior”, acrescenta Beyruti. “Além disso, a notícia de que não haverá reajuste do salário mínimo também acabou trazendo um alivio adicional na curva de juros”.
De acordo com apuração da CNN, os atos de domingo ajudaram o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a fazer prevalecer sua tese de um salário mínimo indo a R$ 1.302, não mais a R$ 1.320. A maior força política permitiria a escolha de medidas mais impopulares, de olho na responsabilidade fiscal, segundo a publicação, enquanto os temores da véspera eram de que os ataques de domingo abalassem a agenda econômica.
Os DIs para 2024 fecharam com ganhos de 2,5 pontos, a 13,60%, mas o restante da curva caiu em bloco. Os contratos para 2025 e 2027 perderam, respectivamente, nove e 19 pontos, a 12,69% e 12,52%. Os para 2029 foram a 12,62%. com menos 17 pontos, e os para 2031, a 12,67% com menos 13 pontos.
“A divulgação do IPCA, mesmo que levemente acima das expectativas, refletiu na curva de juros, que fez mais uma sessão em queda forte e reforçou a propensão dos investidores ao risco. As ações do varejo, que costumam ser bem sensíveis à oscilação da curva de juros, foram destaques de alta na sessão de hoje”, debate Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora.
Apesar da alta, analistas viram os ganhos do principal índice de inflação brasileiro em dezembro como algo pontual, motivado por recomposição de preços após promoções.
Entre as maiores altas do Ibovespa, ficaram as ações ordinárias do GPA (PCAR3), com mais 8,76%, as da Magazine Luiza (MGLU3), com mais 7,77%, e as da Americanas (AMER3), com mais 7,49%.
O dólar caiu 1,06% frente ao real, negociado a R$ 5,201 na compra e a R$ 5,202 na venda.
Fonte
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