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Em resposta ao noticiário dos últimos dias sobre as alternativas para levantar capital, a Hapvida (HAPV3) prestou alguns esclarecimentos ao mercado na noite da última quarta-feira (8). A companhia destacou que está avaliando alternativas para fortalecer sua estrutura financeira, o que inclui a possibilidade de realizar um aumento de capital por meio de emissão de novas ações. Com isso, em um pregão repleto de leilões, as ações caíam 24,66%, a R$ 2,20, às 11h42 (horário de Brasília) desta quinta-feira (9).

A operadora de planos de saúde informou em comunicado ter concluído a liquidação financeira de sua recente emissão de debêntures, no valor de R$ 750 milhões, ao custo da dívida de CDI+1,70% e prazo de um ano em uma única parcela.

A empresa destacou ainda que vem estudando mecanismos para melhorar sua estrutura de capital, incluindo um
operação de venda e locação de ativos relevantes envolvendo potenciais investidores. As negociações estão em andamento, apontou.

O esclarecimento veio após notícia do Valor chamada “Hapvida coloca à venda dois ativos para enxugar estrutura”. “Este movimento se encaixa no contexto de focar os esforços da gestão em seu negócio principal, especialmente após
a fusão com a NotreDame Intermédica”, destacou a empresa no comunicado.  De acordo com o jornal, a empresa está colocando à venda ativos considerados não estratégicos – a Resgate São Francisco, de transporte de pacientes, e a empresa de tecnologia voltada à saúde Maida.

A Hapvida destacou ainda em comunicado que está constantemente avaliando oportunidades e alternativas para o fortalecimento de sua estrutura de capital junto de sua base acionária, bem como com novos investidores. Isso inclui a possibilidade de emissão de novas ações em aumento de capital, o que dependerá de condições favoráveis de mercado e aprovações pelos órgãos societários competentes, apontou.

Para o Itaú BBA, a primeira leitura sobre o comunicado é negativa, mas pelo menos várias alternativas foram apresentadas para resolver o problema. “Em meio a muitas discussões sobre a solvência da empresa – dadas as exigências regulatórias no nível operacional que limitam o uso de seu caixa total para honrar a dívida e os juros no nível da holding –, a menção de um aumento de capital como uma opção em um momento de valuation tão pressionado (nos níveis atuais) sugere um cenário mais estressado do que o esperado anteriormente, o que deve ser percebido como negativo pelo mercado”, avaliam os analistas.

No momento, o Itaú BBA tem recomendação outperform (desempenho acima da média, equivalente à compra) para os ativos HAPV3, com preço-alvo de R$ 7, ou potencial de valorização de 140% frente o fechamento da véspera.

Cabe ressaltar que a hipótese de aumento de capital já tinha sido levantada por investidores em conversa com o Morgan Stanley, conforme relatado pelo banco em relatório no início da semana.

“Os investidores levantaram preocupações sobre a necessidade da Hapvida de capital regulatório no nível de holding, dada a alta alavancagem atual, alto índice de sinistralidade médica (MLR) e complexa estrutura de holding. Apesar de um aumento de capital aparentemente não ser o caso base para os investidores, houve discussões sobre o custo de financiamento e necessidades de capital da Hapvida ao longo do ano se o consumo de caixa permanecer alto e a estrutura complexa do NotreDame não permitir que os dividendos fluam para a holding”, ressaltou o Morgan na ocasião.

Na avaliação do Bradesco BBI, o aumento de capital parece ser o cenário mais provável, dadas as difíceis condições para a venda de ativos no atual ambiente macro/crédito adverso. Assumindo que o novo caixa em potencial cobrirá os R$ 650 milhões desembolsados em janeiro para a aquisição da HB Saúde (R$ 800 milhões de valor da empresa) e cerca de R$ 65 milhões para o fechamento próximo da aquisição da Sistemas Saúde (R$ 110 milhões de valor da empresa), o tamanho da oferta poderia ser de cerca de R$ 750 milhões considerando taxas e impostos, implicando na emissão de 259 milhões de novas ações (diluição de 3,6%) ao preço de fechamento de ontem de R$ 2,92 por ativo.

A família controladora Pinheiro detém 36,3% do capital social, o que implicaria em um aporte de R$ 270 milhões para manter a participação em uma potencial oferta de ações de R$ 750 milhões.

Para os analistas do banco, a atual posição de caixa da companhia parece apertada para enfrentar um cenário desafiador geral e, portanto, justifica um potencial colchão de capital por meio da oferta de ações, dado o mercado de dívida restrito.

Além disso, a diluição seria baixa (3,5%) e uma injeção de capital reduziria as preocupações com a solvência. Por outro lado, a necessidade de caixa pode sugerir que os ganhos/fluxo de caixa da empresa podem ser piores do que o mercado realmente acredita.

Os analistas do BBI também atualizaram seu modelo de forma a incorporar estimativas mais conservadoras após os resultados do 4T22, cortando o preço-alvo de R$ 6 para R$ 4,50, ainda mantendo recomendação neutra, com potencial de alta de 54% em relação ao fechamento da véspera.

Os últimos dias têm sido de forte volatilidade para a Hapvida. Na véspera, as ações subiram 8,94%, em uma sessão positiva para o Ibovespa em geral, mas registra perdas de 35% apenas em março. Na semana passada, marcada por divulgação de resultados que não agradaram o mercado, as ações caíram 43%.


Fonte

www.infomoney.com.br

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