Em conversas com investidores nos Estados Unidos, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou nesta quinta-feira (21) que o Copom (Comitê de Política Monetária) deverá promover um aumento de um ponto porcentual da Selic na reunião de 3 e 4 de maio, a mesma magnitude escolhida pelo colegiado na reunião passada.
A informação consta do texto de apresentação do presidente divulgado pelo Banco Central para a palestra de Campos Neto organizada pelo Bank of America em Washington. Na sexta-feira (22), o presidente do BC terá outra reunião com investidores na capital dos Estados Unidos, esta organizada pela XP Investimentos.
A assessoria de imprensa do BC diz que a mesma apresentação será usada nas duas ocasiões, eventos fechados à imprensa que ocorrem às margens do encontro de primavera do FMI (Fundo Monetário Internacional). Atualmente, a taxa básica de juros da economia brasileira está em 11,75% ao ano.
Conforme já reiterado em outros documentos oficiais do BC, Campos Neto afirmou que o comitê julga que a decisão de continuar a aumentar a Selic “reflete a incerteza em torno de seus cenários de inflação prospectiva, variação acima do normal no balanço de riscos e é consistente com a convergência da inflação para sua meta em todo o horizonte relevante da política monetária, que inclui 2022 e, principalmente, 2023”.
Diante das projeções de inflação do BC e do risco de desancoragem das expectativas de longo prazo, é “apropriado continuar avançando significativamente no processo de aperto monetário para um território ainda mais restritivo”.
Campos Neto acrescentou que o momento exige serenidade para avaliar o tamanho e a duração dos choques atuais. “Se os choques se mostrarem mais persistentes ou maiores do que o previsto, o comitê estará pronto para ajustar o tamanho do ciclo de aperto monetário”, avisou, acrescentando que o Copom persistirá em sua estratégia até que o processo de desinflação e a expectativa ancorada em torno de suas metas se consolidem.
Na apresentação, consta também que o presidente do BC comentou sobre o apoio dos governos durante a pandemia de coronavírus e o atual processo de aperto monetário em todo o mundo. Ele salientou que a alta dos preços tem ocorrido de forma generalizada, tanto nas economias emergentes quanto nas avançadas.
Guerra e fertilizantes
Campos Neto também falou sobre o aumento da demanda por energia e salientou que os investimentos na área de petróleo e metais se mantêm em níveis baixos. O presidente do BC dedicou espaço ao impacto da inflação verde e ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
Segundo o documento, o embate tomou proporções muito maiores do que o imaginado inicialmente e que se trata da primeira guerra com o uso intensivo das redes sociais. Uma das consequências da invasão no Leste Europeu, segundo ele, é mais pressão ainda sobre o mercado de energia não apenas no curto como também no médio e longo prazos. Um dos slides da apresentação é dedicado ao mercado de fertilizantes no Brasil. Campos Neto destacou que o país é altamente dependente da importação deste tipo de produto e que a situação se agrava com a invasão da Rússia à Ucrânia.
O presidente do BC destacou ainda as projeções para o crescimento e a inflação do país e apresentou um quadro sobre a situação do mercado de trabalho e outro sobre o comportamento do câmbio. Sobre a questão fiscal, enfatizou que houve crescimento das receitas em 2021. “O bom desempenho fiscal continua em 2022, o que favorece a expectativa de um bom resultado fiscal primário”, previu. Ao final da apresentação, Campos Neto traçou um panorama sobre a Agenda BC#, a agenda de tecnologia do Banco Central.
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