(Bloomberg) — O Banco Central Europeu tem “todas as razões” para não reagir tão vigorosamente quanto o Federal Reserve dos EUA à alta da inflação ao consumidor, declarou a presidente da instituição, Christine Lagarde.
“Estamos em situações muito diferentes”, disse ela em entrevista à rádio France Inter na quinta-feira. O aumento dos índices de preços é “claramente mais fraco” na Zona do Euro e a recuperação econômica no bloco não está tão avançada quanto nos EUA, acrescentou.
“Temos todas as razões para não reagir tão rápido e tão abruptamente quanto podemos imaginar que o Fed faria”, afirmar Lagarde. “Mas começamos a reagir e, claro, estamos prontos para responder com a política monetária se os números, dados, fatos, assim exigirem.”
O BCE está sendo pressionado a tomar providências após a inflação em 12 meses atingir o recorde de 5% em dezembro. As autoridades concordaram em retirar gradualmente as medidas de estímulo implementadas para enfrentar a pandemia, porém afirmam que um aumento na taxa básica de juros é altamente improvável este ano, uma vez que o momento atual de disparada da inflação — motivado por choques de oferta e pelo salto nos preços de energia — tende a se reverter.
Considerando as condições atuais e as projeções de inflação, “um aumento de juros não é esperado em 2022”, afirmou um integrante do Conselho Geral do BCE, Pablo Hernández de Cos, à TVE da Espanha em entrevista separada nesta quinta-feira.
Enquanto isso, o Fed sinalizou que começará a subir a taxa básica de juros já em março. A inflação ao consumidor nos EUA chegou ao maior nível em quase quatro décadas de 7% em dezembro, intensificando as preocupações com o aumento do custo de vida.
Os mercados financeiros questionam a determinação do BCE de aguardar enquanto os preços sobem e apostam em alta dos juros na Zona do Euro já em setembro. Na quarta-feira, o rendimento da dívida pública da Alemanha, usado como referência pelo mercado, passou de zero pela primeira vez durante a pandemia.
Lagarde não pareceu preocupada quando lhe perguntaram sobre a novidade.
A alta dos rendimentos dos títulos significa que “os fundamentos da economia estão se recuperando”, disse ela. “Isso significa que há confiança no crescimento e em tais condições os juros aumentarão gradualmente.”
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