O sell-off da Tesla (TSLA34) se intensificou nesta terça-feira (27), com a ação fechando em queda de 11,4%, a US$ 109,10, no menor patamar desde julho de 2020. A empresa de carros elétricos de Elon Musk está a dias de encerrar seu pior mês, trimestre e ano já registrados desde a abertura de capital e ultrapassou a Meta (M1TA34) para se tornar a ação de pior desempenho em 2022 entre as empresas de tecnologia mais valiosas de Wall Street.
A queda mais recente ocorre depois que o The Wall Street Journal informou que a Tesla suspendeu a produção de automóveis em sua fábrica de Xangai neste último sábado, estendendo uma parada de produção planejada de oito dias em sua maior fábrica em termos de produção de automóveis. A decisão de estender a paralisação ocorre quando a empresa enfrenta uma onda de infecções por Covid-19 entre seus trabalhadores e fornecedores. A paralisação temporária segue uma desaceleração recente na demanda global por veículos da Tesla.
O WSJ informou que, embora não seja incomum que as montadoras interrompam o trabalho em algumas linhas de produção durante o feriado do Ano Novo Lunar e no verão, a Tesla tradicionalmente não interrompe toda a produção de carros durante as férias de Natal.
A empresa teria acumulado estoque suficiente e a interrupção da produção não prejudicará sua capacidade de atender aos pedidos, disseram as pessoas. Durante o verão, a Tesla aumentou a capacidade de sua fábrica em Xangai para mais de 750 mil veículos por ano. No entanto, a demanda por seus carros foi mais fraca do que o esperado nos últimos dois meses, já que o mercado automotivo da China desacelerou.
A Reuters informou que, quando a fábrica da Tesla em Xangai reabrir em janeiro, isso acontecerá por apenas 17 dias, em uma ruptura com as práticas estabelecidas pela Tesla.
As ações da Tesla caíram 73% em relação ao recorde de novembro de 2021, enquanto os ativos caíram 69% em 2022, mais do que o dobro do declínio do Nasdaq. Entre as grandes montadoras, a Ford caiu 46% e a General Motors teve baixa de 43%. Desde seu IPO em 2010, a Tesla caiu somente em um outro ano, uma queda de 11% em 2016.
Além da demanda mais fraca, outras questões estão no radar da empresa, como a venda por Elon Musk de ações da Tesla para financiar a aquisição do Twitter. De acordo com registros em meados de dezembro, Musk vendeu cerca de 22 milhões de ações da Tesla, que valiam cerca de US$ 3,6 bilhões.
Após sua última venda de ações, Musk disse no Twitter Spaces em 22 de dezembro que não venderia nenhuma ação por 18 a 24 meses. Em um debate com um acionista da Tesla, Musk atribuiu a queda do preço das ações aos aumentos das taxas de juros pelo Federal Reserve, tuitando que “as pessoas vão cada vez mais transferir seu dinheiro de ações para dinheiro, fazendo com que as ações caiam”.
Suas palavras adiantaram pouco para apaziguar os investidores. O volume de negociação ultrapassou 201 milhões de ações na terça-feira, a segunda maior marca do ano, de acordo com a FactSet, atrás apenas de 22 de dezembro.
Em dezembro, a Tesla caiu 44%, de longe seu pior mês de todos os tempos, já que nunca havia caído mais de 25% em um único mês. E no quarto trimestre, as ações caíram 59%, pior do que a queda de 38% no segundo trimestre deste ano, que foi o pior período já registrado.
Na semana passada, a Tesla expandiu os descontos na América do Norte para compradores de veículos elétricos Modelo 3 e Modelo Y. Esses descontos ocorreram depois que a montadora ofereceu incentivos na China continental para as vendas de automóveis em dezembro no início deste mês.
A pressão também está aumentando no mercado de carros usados, com o preço médio de um Tesla usado caindo 17% em relação às altas de julho, e com Teslas usados demorando mais do que outras marcas para serem revendidos.
Efeito Twitter
Já no Twitter, Musk continuou a flertar com controvérsias, dando as boas-vindas a usuários anteriormente banidos, entre outras mudanças em políticas.
Várias empresas pausaram ou suspenderam a publicidade paga na plataforma.
Dan Ives, da Wedbush Securities, escreveu em relatório na terça-feira que os problemas de liderança de Musk representavam problemas potencialmente mais profundos para a montadora.
“Ao mesmo tempo que a Tesla está cortando preços e os estoques estão começando a aumentar globalmente diante de uma provável recessão global, Musk é visto como alguém ‘dormindo ao volante’ dentro de uma perspectiva de liderança”, escreveu Ives. Contudo, ele segue com recomendação de compra para o ativo.
Os investidores da Tesla querem que Musk redirecione seus esforços para estabilizar a empresa que responde pela maior parte de sua riqueza. Musk deixou de ser a pessoa mais rica do mundo no início deste mês e passou o posto para o presidente e CEO da LVMH, Bernard Arnault, segundo a Forbes.
“Acho que ele realmente precisa se concentrar nas operações, se concentrar em nos dar ótimos carros”, disse Craig Irwin, analista da Roth Capital, que tem uma classificação de manutenção da ação e um preço-alvo de US$ 85 para os ativos da Tesla.
(com informações da CNBC)
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