O Ibovespa fechou em alta de 1,11% nesta terça-feira (2), aos 103.361 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira conseguiu escapar da tendência de baixa vista no exterior, com Estados Unidos e Europa fechando em queda.
Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram, respectivamente, 1,23%, 0,67% e 0,16%, no segundo dia consecutivo de recuo. O pregão, por lá, foi marcado pelo pessimismo, causado principalmente pelas notícias referentes à viagem de Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, a Taiwan.
“Dia de bastante volatilidade, sendo destaque a visita de Nancy Pelosi à Taiwan. Até ontem à noite não sabíamos se iria acontecer, e aconteceu”, comenta Jennie Li, estrategista de ações da XP. “Trata-se de um fator de risco que aumenta o pessimismo em relação à geopolítica, que pesa junto de outros fatores sobre mercado, como inflação em alta e temores de recessão”.
O VIX, considerado o “índice do medo”, avançou 4,86%, aos 23.95 pontos. O DXY, que mede força do dólar frente a outras divisas mundiais, subiu 0,80%, aos 106,30 pontos – o que impactou também o real, com a moeda americana valorizando 1,94% sobre a brasileira, a R$ 5,278 na compra e a R$ 5,279 na venda.
“Outros fatores que ficaram no radar de investidores foram falas de diretores do Federal Reserve”, complementa Jennie Li, mencionando discursos como o de Charles Evans. “De forma geral, a principal indicação das falas é de que o Fed continuará a subir o juros nas próximas reuniões para controlar a inflação. Ainda não há muito consenso, entretanto, sinalizações muito claras”.
Os treasuries com vencimento em dez anos tiveram seus rendimentos subindo 15,1 pontos-base, para 2,756%. O para dois anos foi a 3,226%, somando 10,8 pontos.
No Brasil, a curva de juros atuou de forma semelhante. Os DIs para 2024 viram suas taxas subindo quatro pontos, para 13,31%, e os para 2027, 17 pontos, para 12,65%. Na ponta longa, os contratos para 2029 e 2031 tiveram suas taxas subindo, respectivamente, 17 e 18 pontos, para 12,77% e 12,82%.
“Os yields no exterior subiram, por conta da visita da Nancy Pelosi a Taiwan, que aumenta a aversão ao risco. O movimento foi enxergado pela China como uma ofensa. Os DIs, aqui, acabaram seguindo”, explica Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos. “Tivemos reflexo disso em papéis para e-commerce, com companhias do setor realizando”.
As ações ordinárias da Via (VIIA3) caíram 3,69%, seguida das ordinárias da Cyrela (CYRE3), com menos 3,17%, e das da Eztec (EZTC3), com menos 2,92% – papéis de construtoras também são sensíveis à alta de juros.
Quem ajudou puxar o índice para cima, contrariando o pessimismo global, foram ações de commodities, principalmente de mineradoras e siderúrgicas.
“Vale e setor siderúrgico estão subindo bastante, conforme a gente vai acompanhando o mercado estrangeiro de minério de ferro”, comenta Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama.
As cotações do minério avançaram nesta terça-feira diante da expectativa de uma melhora das margens das usinas siderúrgicas chinesas, o que poderia estimular uma maior demanda pela commodity. O contrato futuro negociado na bolsa de Dalian teve alta de 1,45%, a 807,00 iuanes, o equivalente a US$ 119,39.
As ações ordinárias da Vale (VALE3) subiram 3,14%, e as da CSN Mineração (CMIN3), 2,01%. As preferenciais da Gerdau (GGBR4) tiveram alta de 3,13%, e as preferenciais tipo A da Usiminas (USIM5), 2,93%.
O especialista da Órama destaca também a performance dos bancos, com as preferenciais do Bradesco (BBDC4) subindo 1,82%, as do Itaú (ITUB4), 1,11% e as ordinárias do Banco do Brasil (BBAS3), 1,29%. Nesta semana serão divulgados os resultados do 2º trimestre de 2022 do Bradesco.
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Fonte
www.infomoney.com.br