Skip to main content

Se durante o início da pandemia as Big Techs, como são conhecidas as maiores companhias globais de tecnologia, eram unânimes na preferência dos investidores, com o mundo vivendo em home office, agora o mercado já se divide sobre o que esperar delas.

Isso ficou claro com a divulgação – e recepção na bolsa – dos resultados destas empresas durante a safra de balanços corporativos nos Estados Unidos.

Enquanto Facebook (FBOK34) e Netflix (NFLX34) viram seu preço de mercado despencar, após os seus respectivos balanços, as ações de Google (GOGL34) e Amazon (AMZO34) dispararam.

Mesmo que o conjunto de empresas do Nasdaq, que concentra as empresas de tecnologia, esteja com queda acumulada em 2022, de 17,2%, nem sempre a lógica do índice, de forma consolidada, vale para as Big Techs.

De forma geral, as empresas de tecnologia têm sido penalizadas pela perspectiva de alta de juros nos Estados Unidos já no mês que vem, o que encarece os custos de captação dessas companhias e reduz o valor-justo de suas ações.

Entretanto, como explicam analistas, as big techs estão entre as companhias de maior valor de mercado no mundo e possuem operações mais consolidadas.

Algumas, inclusive, evoluíram tanto no que fazem, que já não são mais capazes de entregar o mesmo crescimento de antes.

Veja a seguir por que o mercado enxergou de forma distinta os balanços das Big Techs.

Facebook (FBOK34), agora Meta, tem estagnação de usuários

Com certeza Wall Street presenciou um pregão histórico no day after dos resultados do Facebook, que agora se chama Meta. Em termos de valor de mercado, a companhia perdeu US$ 200 bilhões num único dia, quando reteve sua maior queda diária desde sua estreia na Bolsa.

Por trás disso esteve o dado, no balanço do quarto trimestre, de 500 mil usuários ativos a menos do que no trimestre imediatamente anterior. Foi a primeira vez na história que a rede social registrou uma queda no número de inscritos.

“O fato de não ter crescido o número de usuários assustou bastante o mercado, pois trouxe dúvidas para onde a Meta vai crescem termos de rede social”, explica Jennie Li, estrategista de ações da XP.

O segmento metaverso, que levou inclusive a uma mudança no nome da empresa, também gera dúvidas. Jennie diz que a empresa tem investido bastante nesse novo segmento, mas ainda não está claro como o metaverso será monetizado.

A Meta também tem apanhado na competição com outras redes, como o Tik Tok, além de ter sentido o impacto das mudanças de política de privacidade da Apple. As novas regras deram maiores poderes de escolha ao usuário do Facebook nos smartphones da companhia, que pode optar por compartilhar menos informações com a rede social.

“Esses dados têm muito valor para as empresas [que anunciam no Facebook]. A partir do momento que o Apple limita a coleta dessas informações, diminui as vantagens competitivas da empresa”, afirma Rafael Nobre, analista internacional da XP, explicando que o Facebook é dependente de anúncios digitais.

Netflix (NFLX34): “repiques de assinantes”

Outra empresa que decepcionou – e muito os seus investidores – foi a Netflix, que viu suas ações despencarem mais de 20% após a divulgação dos resultados, no último dia 20 de janeiro.

Além de reportar um crescimento menor que o esperado no número de usuários no quarto trimestre, a Netflix projeta uma desaceleração no aumento de base de inscritos para 2022.

Guilherme Zanin, estrategista-chefe da Avenue, explica que, assim como o Facebook, a empresa atingiu um certo no nível de maturidade e por isso a tendência é apresentar crescimentos cada vez menos expressivos.

A Netflix teve “repiques” na sua base de inscritos ao longo da pandemia, com o aumento na demanda por serviço de streamings, e, segundo Zanin, ficou mais dependente de trações pontuais com séries de sucesso, a exemplo da coreana Round 6.

“No futuro, essa vai ser a tônica da empresa. Crescimento mais lento, mas que pode ser esporadicamente mais rápido, a depender de séries que caiam no gosto dos assinantes e ganhem tração”, afirma Zanin.

Alphabet (GOGL34): crescimento em todas as frentes

Já no lado mais próspero da temporada, está a Alphabet, dona do Google, cujas ações ficaram próximas dos maiores patamares da história após a divulgação dos resultados

Nobre, da XP, explica que o Google tem uma forte demanda fora do mobile, sendo muito utilizado em desktops com sistema operacional Windows.

Além disso, a Alphabet possui acordos com a Apple, desembolsando bilhões para ter o Google como página de busca padrão no navegador Safari, do iOS.

Portanto, a empresa foi menos afetada que o Facebook pelas mudanças nos termos de privacidade da companhia fundada por Steve Jobs.

A receita de publicidade do Google chegou a US$ 61,239 bilhões no quarto trimestre, alta de 32,5% na comparação com o mesmo intervalo de 2020. E não foi o único número a chamar atenção nos resultados da Alphabet, que superaram as expectativas do mercado.

Correndo por fora, o Youtube surpreendeu atingindo US$ 8,63 bilhões em receita publicitária no quarto trimestre de 2021. A cifra é superior ao que a Netflix conseguiu com sua base de assinantes – US$ 7,71 bilhões.

“O Youtube vem se tornando cada vez mais relevante para o Google e já é a segunda maior rede social. Sem dúvidas, pode ser uma ameaça para a Netflix, já que ambas oferecem conteúdo audiovisual. Além disso, o Youtube também tem aluguel de conteúdo por streaming e acaba tendo uma gama de produtos superior”, afirma Nobre.

Amazon (AMZO34): streaming na mira

Por fim, outra gigante que não decepcionou foi a Amazon, que reportou números mais fortes do que o esperado.

Além de anunciar resultados considerados fortes pelo mercado, a Amazon anunciou reajuste no preço dos seus serviços Prime nos Estados Unidos, o que inclui vantagens na entrega de produtos e acesso à plataforma de streaming da empresa.

Assim, o pacote anual passará de US$ 119 para US$ 139. No quarto trimestre, a receita com anúncios digitais rendeu a Amazon quase US$ 10 bilhões.

“A Amazon, da mesma forma que o Google, tem receita diversificada e outras frentes que foram favorecidas”, explica Jennie Li.

Os analistas explicam que a computação em nuvem é um dos maiores negócios da Amazon no momento e o mais rentável para a empresa no momento.

“A Amazon vinha perdendo esse espaço para a Microsoft e para o Google, mas voltou a ter crescimento expressivo no quarto trimestre”, finaliza Nobre.

Oportunidade de compra? Estrategista da XP revela 6 ações baratas para comprar hoje. Assista aqui.


Fonte

www.infomoney.com.br

Leave a Reply

1